Continua, a muito bom ritmo, o lançamento de títulos na recuperada Colecção Vampiro, editada com o selo e em formato de bolso pela Livros do Brasil. Um dos grandes habitués deste mundo policial dá pelo nome de Ellery Queen que, relembre-se, foi o pseudónimo escolhido pela dupla Frederic Dannay (1905-1982) e Manfred B. Lee (1905-1971), ambos ligados à publicidade mas que viam em Sherlock Holmes uma espécie de guia espiritual. Uma dupla que se estreou com “O Mistério do Chapéu Romano”, estávamos então em1929 e, até 1971, lançou cerca de trinta romances, numerosas novelas, peças radiofónicas, filmes e séries de televisão. Depois da publicação de “Vivenda Calamidade“, “O Mistério dos Fósforos Queimados”, “O Enigma do Sapato Holandês” , “O Mistério do Ataúde Grego” e “Dez Dias de Mistério”, “O Mistério da Cruz Egípcia” (Livros do Brasil, 2020) é o sexto título de Ellery Queen a chegar à Vampiro.
Logo a abrir, somos presenteados com uma breve mas muito sumarenta apresentação das personagens onde, para além de Ellery Queen, “o investigador cosmopolita que usa pince-nez”, há por exemplo o Velho Pete, um “montanhês ligeiramente louco”, Harakht, “o barbudo e desgrenhado curandeiro dos fracos”, Velaja Krosac, “o furtivo vingador, considerado o suspeito número um”, Margaret Brad, “a corpulente mas bonita mulher de meia-idade”, Paul Romaine, “o bronzeado e musculoso Adónis” ou Stephen Megara, “o viajante incansável”.
Desta vez, o mistério gira à volta de um crime que, pela sua geometria, simbolismo e imaginação – a da imprensa, sobretudo -, ficou conhecido como “o crime dos T”. Um crime decorrido na pacata vila de Arroyo, na manhã do dia de Natal que, segundo Ellery, foi “brutal, ilógico e desconcertante”, e que resultou na descoberta um corpo sem cabeça crucificado num poste de sinalização. Um caso que parecia isolado e sem solução à vista mas que, alguns meses passados, irá trazer três novas mortes em circunstâncias idênticas, o que colocará Ellery Queen e o seu antigo mestre, o professor Yardley, a mastigar cada uma das suas células cinzentas para tentarem solucionar este muito complicado enigma.
Para Ellery, a grande questão parece ser esta: “que relação haveria entre o assassinato de um mestre-escola de província e o de um milionário ocorrido a centenas de quilómetros de distância?”. Uma pergunta que irá levar Ellery e todas as forças policiais presentes a procurar por alguém em quatros estados americanos e que, para todos com excepção de Ellery – que, não raras vezes, se chega à frente como um bonacheirão armado e algo convencido -, é simplesmente invisível. Ellery que, como manda a tradição, desafia o leitor a tentar adivinhar quem está por trás destes crimes. Leitor que, muito provavelmente, irá andar completamente à nora, restando-lhe deliciar-se com a precisão quase matemática com que Ellery Queen arruma o caso.
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