Foi distinguido na categoria Opera Prima BolognaRagazzi Award 2018 – e com todo o mérito, apetece dizer. “O Livro dos Erros” (Fábula, 2018), escrito e ilustrado por Corinna Luyken, é quase um workshop de desenho servido como uma auto-avaliação, e que mostra que muitas vezes são os erros que levam à descoberta das melhores ideias.
Tudo começa com um traço tímido a negro e a descoberta de dois erros: um segundo olho ainda maior que o primeiro e, desenhado em simultâneo, o cotovelo esquisito e o pescoço demasiado comprido. Porém, por entre estes enganos não deixaram de haver boas ideias, fossem elas os óculos estilosos ou a gola toda rendilhada, com fitas e folhos.
Nesta viagem pelo processo criativo, saltamos a certa altura do corpo humano para a natureza e, de repente, tudo se encaixa. E aí o resultado é deslumbrante, com a entrada em cena de uma nova personagem e até uma porta aberta para a poesia:
“Já os borrões de tinta
que salpicam o céu
podiam ser folhas…
que estivessem só à espera
de levantar vôo,
levadas pelo vento.”
A timidez inicial da personagem dá lugar a um tour de force incrível, entre um olhar planante sobre a Terra e um fantástico exercício de auto-análise. Ou, se preferirem, uma espécie de biografia ilustrada com erros que tudo têm para dar certo. Um livro belíssimo, que nos oferece um raio-x ilustrado de um cérebro em efervescência.
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