“O Livreiro de Paris” (Editorial Presença, 2017), de Nina George, um reconhecido bestseller publicado pela primeira vez em alemão (em maio de 2013), é um livro absorvente e tocante que sublinha, fundamentadamente, a extrema importância dos livros na nossa vida. O Livro, ele próprio, que é capaz de salvar uma vida, de a redimir e de nos ensinar a viver é, nesta trama, a mais relevante personagem do romance que tem já os seus direitos vendidos para mais de 30 países.
É um livro sobre livros, sobre o livreiro Mons. Perdu (e não é por acaso que este nome lhe é dado), a personagem principal, um homem que sofreu um grande desgosto de amor e que durante vinte anos se fechou para a vida, sendo o proprietário da famosa “Farmácia Literária Flutuante”, uma livraria atracada num barco no rio Sena, no porto dos Champs Elysées, em Paris. Este livreiro, leitor de almas, trata os sentimentos dos seus leitores, receitando-lhes livros, apesar dele próprio, desde 1992 – data em que a sua amada Manon saiu de casa -, apenas sobreviver no nº 27 da Rue Montagnard, impedido de viver por causa de sentimentos dolorosos e traumáticos.
Livros e autores (Erich Kãstner, José Saramago, Oscar Wilde, Thomas Mann, Hermann Hesse, entre outros) são, para ele, os medicamentos que se compatibilizam com cada organismo, emoção ou sentimento: “Um livro é um médico e um remédio ao mesmo tempo. Faz o diagnóstico e é a terapia. Juntar os sentimentos aos livros certos é o modo como vendo os livros”, diz o livreiro que vê e ouve para além da camuflagem das pessoas.
“O Livreiro de Paris” é um romance que segue a cura de um homem, que decide soltar as amarras do seu barco no dia em que, 20 anos após a ter recebido, lê finalmente a carta de Manon, dando início a uma viagem de barco desde Paris até Marselha (mais propriamente Sanary – Sur – Mer) que o vai aproximar, emocionalmente, de companheiros de viagem improváveis, entre eles dois gatos, um escritor muito jovem – que se torna um verdadeiro filho para Mons. Perdu – e um cozinheiro que fala de essências e aromas culinários e ensina a perceber a importância da conjugação destes sabores com os próprios livros. Um romance cheio de vitalidade, que apresenta novos caminhos para começar de novo e superar o tempo magoado – fora do bulício e ruído de Paris -, e personagens que marcam pelos seus dramas e coragem, pleno de ensinamentos profícuos para o leitor utilizar na sua própria vida. ”Ler é uma viagem sem fim. Uma longa, no fundo, eterna viagem, no decorrer da qual uma pessoa se vai tornando mais benévola, mais amante e mais amável”.
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