A Penguin continua a sua aposta no universo da banda desenhada, agora com publicação de “O Jardim Secreto: Novela Gráfica” (Fábula, 2022), adaptação de Hann Luechtefeld e Hann Luechtefeld do celebrado – e auto-biográfico – livro infanto-juvenil de Hodgson Burnett, publicado originalmente no ano de 1911.
Após a morte dos pais, Mary Lennox, uma miúda habituada a uma vida de luxo numa Índia colonizada, dá por si a viver em casa do macambúzio tio, isolada numa qualquer charneca do Yorkshire britânico. De acordo com quem lá vive, “não há ali nada, excepto terra selvagem”, mas Mary começa, após um curto luto, a descortinar um mundo secreto.
A Sra. Medlock, que faz aqui o papel de má da fita, recebe Mary com estas palavras simpáticas: “Este é o seu quarto. Limite-se a ele”. Um conselho ao qual Mary irá fazer orelhas moucas, explorando a propriedade como quem apenas agora começa a abrir os olhos para o mundo. Numa dessas escapadelas, descobre a entrada para um jardim sem porta, ou “trancada há demasiado tempo para ser encontrada”. Um encerramento que foi ordenado pelo tio de Mary, depois de a sua mulher se ter magoado no jardim, vindo a morrer pouco tempo depois.
Personagem central desta história é Colin Craven, o mimado e insuportável primo de Mary, tratado como uma flor de estufa e quase sempre confinado à sua cama: “Todos me olham… como se eu fosse morrer”. Na sua companhia, Mary irá destrancar os empoeirados baús de família, numa história sentimental feita de amizade, resiliência e de toda a traquinice e sede de aventura que a infância deve ter. As ilustrações entram de cabeça no espírito mágico da obra, com variações cromáticas que parecem estar ligadas às emoções da protagonista – dos tons mais escuros e gélidos às cores primaveris -, em quem Hodgson Burnett colocou tanto de si.
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