Ao longo das eras, sessenta e seis homens e mulheres atingiram o estatuto de Punho de Ferro, ganhando a habilidade de se interpor entre a humanidade e as forças do mal. “O Livro do Punho de Ferro” (G. Floy 2018), o terceiro volume da série O Imortal Punho de Ferro, conta a história de quatro desses imortais, mostrando que aqueles que ficaram – e com razão – desiludidos com a adaptação televisiva, levada a cabo pela Netflix, irão com a BD descobrir motivos de contentamento.
“Já em miúda, Wu Ao-Shi era vista como uma mulher difícil”. A primeira das histórias apresenta-nos a Wu Ao-Shi, salva e ensinada pelo Trovão, que ficou noiva de um pescador e decidiu trocar a vida de heroína pela de uma comum mortal, até perceber que viviam no mesmo planeta mas em mundos separados. O percalço amoroso não a impediu de, mais tarde, abandonar K`Un Lun para encontrar o amor verdadeiro, batendo em pessoas por dinheiro e acabando por ser conhecida como a “grande vingadora dos oprimidos”. Foi ela a última mulher Punho de Ferro, conhecida como a Rainha Pirata da Baía de Pinghai.
“Mesmo durante a sua juventude, Bei Bang-Wen era geralmente considerado o mais esperto pelos que o rodeavam”. Alguém com uma mente estratégica perfeita, mais cerebral que os seus antecessores. Estamos em 1860, altura em que os britânicos exigem que os chineses honrem os tratados comerciais de 1858, uma desavença que irá conduzir à Guerra do Ópio. Capturado, despojado de nome e nacionalidade e perdendo o acesso ao Cji de Shou-Lao, Bei será condenado aos trabalhos forçados, onde irá travar uma nova amizade que lhe irá guia à fonte dos seus poderes sagrados.
A história do Punho de Ferro Orson Randall é-nos narrada por Shadu, o Sombrio, célebre místico e viajante mágico por terras incógnitas. Uma história que, no que toca à ilustração, vai mudando consoante a latitude, entre a BD histórica de batalhas, o desenho quase infantil e os quadradinhos com o fulgor do Oeste. Uma história sobre o perdão atravessada por uma névoa verde.
Quanto a Danny Rand, vai fazendo trabalho voluntário enquanto trata de fechar de vez a Rand International, depois de descobrir que a riqueza acumulada pela família “assentava no sangue e na opressão dos povos não apenas de K`Un-Lun mas de todas as cidades capitais do Céu”. Surge aqui o mito da existência de uma 8ª cidade, lançado por um louco chamado Xao que tentou destruir K`Un-Lun, com um final que é todo ele um mau prenúncio para Danny.
Como bónus sumarento temos ainda A Origem de Danny Rand, o comic que lançou a personagem e que tem o espírito old school em cada um dos quadradinhos, pelas mãos de Roy Thomas, Len Wein, Gil Kane e Larry Hama. Um luxo de edição.
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