“Se deixar de lado algum espírito Da Vinciano e o reabastecer antes com uns Martinis Bondianos, este Guardião poderá bem subir a fasquia. Veremos o que o segundo álbum nos reserva”. Tinham sido estas as palavras por aqui dedicadas ao primeiro volume da série de banda desenhada intitulada O Guardião, e a verdade é que “Fim de Semana em Davos” (Gradiva, 2020), o segundo capítulo das aventuras deste agente secreto do Vaticano, sobe uns bons furos em relação ao anterior.
Vince, o terceiro dos doze guardiões do Vaticano espalhados pelo globo, está de partida para a Suíça, onde irá ter lugar o Fórum Económico Mundial. Porém, antes da partida, a Tia Antonella deixa-lhe um conselho ao estilo de uma premonição: “Os falsos aliados da paz vão estar à espreita no teu caminho…”.
Guarda-costas e advogado especialista em direito internacional, Vince parece ter o aval clerical apesar do seu estilo que não ficaria mal ao lado dos Men in Black, como avança a certa altura o Arcebisbo Salk: “Guarda-costas cultos dão espiões perfeitos”.
O objectivo do Fórum é desactivar a bomba da dívida do terceiro mundo, nada que impeça os suíços de protestarem contra a utilização de forças armadas para fins privados ou a presença dos alter-globalistas, que protestam contra “repartir as riquezas do mundo entre a suposta elite social”.
Durante o Fórum, e depois de Vince ter salvo uma dama em apuros na neve, o mundo parece estar à beira de uma guerra, fazendo com que os mercados bolsistas entrem em pânico e que a Suíça, uma vez mais, se decida pela neutralidade. Vince não é, porém, rapaz para se fiar nas imagens televisivas ou respeitar sem protesto o confinamento obrigatório, pelo que decide investigar por si este anunciado fim do mundo.
François Boucq e Yves Sente debruçam-se sobre o poder da combinação da tecnologia moderna e uma rede de informações arduamente montada em todo o planeta durante vários séculos, abordando igualmente a subtileza das fake news e a facilidade com que a realidade é manipulada, seja com um bom photoshop, uns efeitos especiais de primeira ou a voz convincente de um conhecido apresentador de televisão. No ar e na cabeça de Vince há ainda outras questões: quem será a ovelha negra do clero? O que será a Ordem do Novo Templo? Para descobrir em “Fantasmas em Porto Cervo”, a publicar brevemente.
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