Já imaginou um mundo no qual poderia escolher os seus sonhos? Miye Lee sim, e o resultado é “O Grande Armazém dos Sonhos” (Bertrand Editora, 2024), um bestseller sul-coreano acerca do poder da mente, da importância de uma noite bem dormida e de estarmos atentos a quem nos rodeia.
Os sonhos são, desde sempre, objecto de estudo das mais diversas áreas, tirando o sono a muitas mentes curiosas e iluminadas. Em “O Grande Armazém dos Sonhos”, Miye Lee apresenta uma visão distinta dos mesmos, criando uma distopia que defende que ao adormecermos entramos numa realidade paralela, na qual temos o poder de escolher os nossos sonhos, que são pagos com as emoções que em nós despoletam.
A autora criou, então, um novo conceito: o da comercialização dos sonhos para humanos e patudos. Miye defende, na sua obra literária, que os sonhos podem – ao contrário do que defende a ciência – ser períodos de imaginação conscientes, definidos tendo em conta as necessidades, vivências e preocupações de cada sonhador.
Mas onde se compram os sonhos? Existe algum tipo de acompanhamento, perguntam certamente os leitores mais curiosos. A primeira resposta está espelhada no título: os sonhos compram-se numa cidade escondida no nosso subconsciente, no “Grande Armazém dos Sonhos” – DallerGunt Dream -, que se encontra dividido por departamentos, cada um especializado num tipo de sonho, que vão desde sonhos que apelam aos pequenos prazeres da vida a outros que aquecem o coração ou que não se explicam por palavras. Quanto à segunda questão, tal como na maioria das lojas, também este Armazém oferece uma experiência de compra personalizada, sendo que os lojistas têm especial atenção ao comportamento e necessidades dos seus compradores.
Esta bela obra desperta nos leitores diversas emoções, enquanto os faz reflectir acerca de tudo o que acontece quando se fecham as suas persianas. Nela residem diversas histórias, que se interligam entre si de forma natural e mágica. Um livro que não tem personagens principais, momentos de clímax ou heróis, focando-se apenas no desvendar de um dos maiores mistérios da ciência e no que nos difere das máquinas: a humanização, compreensão e a entreajuda. Neste Armazém dos Sonhos, temos pessoas que se ouvem e ajudam, e temos seres fantásticos que andam pelas ruas a cobrir quem ousa dormir tal como veio ao mundo.
Doce, leve e fantasioso, assim é este livro que provoca em nós a mesma sensação de um sonho apaixonado, enquanto reponde à velha questão cantada por Simone de Oliveira: “Sonhos que sonhei, onde estão?“.
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