Um livro que começa com uma adivinha, só pode ser um livro divertido. Um livro que nos apresenta “um gnu muito elegante”, só pode ser um livro curioso. Um livro que nos adverte para ter “cuidado com o vento”, só pode ser um livro inspirador.
O pinheiro torto pelo vento avisou o gnu, mas este não o ouviu e foi pelos ares. “Andou às voltas e às voltas e ficou todo baralhado”, indo parar ao outro lado do vento, onde encontrou “um texugo muito simpático”, que estava à sua espera e lhe ofereceu tagliatelle com espargos para juntos almoçarem. O Gnu agradeceu a amabilidade e a simpatia, já o texugo, em plena felicidade, afirmou que há sempre comida para mais um. Quando a história parecia terminar, o vento soprou mais forte, voltas e mais voltas, e “o livro foi pelos ares”, ficando todo baralhado. E agora? As ilustrações mudaram de posição, o texto ficou muito baralhado, mas que grande confusão.
“O Gnu e o Texugo” (Planeta Tangerina, 2020) – Cuidado com o Vento – é uma leitura energizante, que vai levar o leitor pelos ares, fazendo-o rodopiar e dar voltas e mais voltas em deslocações rápidas e velozes, com o sopro do vento empurrando-o para o mundo da imaginação e da criatividade.
Ana Pessoa escreveu um texto alegre, delicioso, lúdico. Madalena Matoso encanta com as ilustrações luminosas, belíssimas e suficientemente simples para desconcertar o leitor. Texto e imagem numa relação harmoniosa, de inevitável cumplicidade na construção da narrativa, oferecendo a sensação de um vento forte.
As ilustrações, de cores vivas em página simples, invocam uma galeria de arte, como se de uma exposição se tratasse. As guardas do livro, simples linhas, apelam à ideia de movimento. A capa apresenta os personagens, induzindo, de forma subtil, o movimento e o rodopio em que a história se move. Um livro que “foi pelos ares. Andou às voltas e às voltas e ficou todo baralhado”, só pode ser um livro inesquecível.
Ana Pessoa nasceu em Lisboa em 1982. É autora de livros juvenis, todos eles editados pelo Planeta Tangerina. Os seus livros estão também publicados no Brasil, no México e na Colômbia, tendo merecido distinções tanto em Portugal como no estrangeiro: Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2018, finalista do Premio Fundación Cuatrogatos 2018 (México), seleção White Ravens 2015 e 2017, Prémio Branquinho da Fonseca 2011. Em 2017, integrou a selecção Aarhus39 do Hay Festival, composta por 39 escritores de literatura infanto-juvenil com menos de 40 anos, considerados os mais promissores na Europa.
Madalena Matoso nasceu em Lisboa em 1974. É ilustradora. Tem uma licenciatura em Design de Comunicação, pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, e uma pós-graduação em design gráfico editorial pela Universidade de Barcelona. Recebeu o Prémio Nacional de Ilustração em 2008 e 2018 e menções especiais em 2006, 2007, 2009 e 2014; o Prémio Ilustração de Livro Infantil Festival de BD Amadora em 2008 e 2011 e o Prémio Autor SPA/Livro infanto-juvenil em 2015. Os originais do livro Não é Nada Difícil – O Livro dos Labirintos foram seleccionados para a exposição de ilustração da Feira Internacional do Livro Infantil/Bolonha 2018.
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