O FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos está de regresso entre os dias 14 e 24 de Outubro, numa edição presencial que terá como tema “O outro”. O Deus Me Livro colocou algumas questões a Paula Ganhão, Directora Geral do FOLIO – e, também, coordenadora dos eventos Latitudes – Festival de Literatura e Viajantes e Óbidos Poetry Sessions, coordenadora da participação de Óbidos na Cidade Criativa da Literatura da UNESCO e Chefe de Subdivisão de Cultura e Turismo do Município de Óbidos -, que nos lançou algumas pistas e destaques para a edição deste ano.
Em tempos de regresso à bendita normalidade, e depois de uma edição algo premonitória em 2019 em que se viajou entre o Tempo e o Medo, porque decidiu agora o FOLIO dedicar-se ao Outro?
O tema do outro foi decidido ainda em 2019, antes de termos sido avassalados por esta pandemia. As várias sessões do evento irão declinar esta ideia, abordando o outro dentro de cada um de nós, o outro que somos depois da pandemia e o outro que somos no mundo, bem como com as questões das migrações, dos refugiados e dos conflitos internacionais. É um tema abrangente e actual que tem como objectivo provocar o debate, a reflexão e a partilha de ideias. Queremos reflectir sobre as inquietações dos nossos tempos e as nossas perspectivas de futuro.
O desenho do FOLIO foi uma dor de cabeça maior este ano ou curou-se com os medicamentos e a dedicação habituais?
O desenho do Folio decorreu dentro da normalidade, no entanto, cientes desta nova realidade e das obrigações impostas pela Direção Geral de Saúde, que foram sofrendo alterações desde o momento em iniciámos a programação até ao dia de hoje. Felizmente, estamos num momento em que podemos dizer que – dentro das regras de bom senso, claro – teremos um Folio igual ou até melhor do que em anos anteriores, e naturalmente com um sabor especial de regresso.
Este ano, apesar das moderações, parece que a ideia foi a de pôr os autores a falarem uns com os outros. Alguma novidade, mudança ou permanência que queira destacar?
O FOLIO Autores convida romancistas, poetas, contistas, ensaístas e historiadores com diferentes perspectivas e opiniões para debater os temas que dominam a actualidade. Aqui, neste programa, queremos destacar a internacionalização do mesmo. Mais de 30 por cento de programa conta com oradores que se deslocam a Portugal propositalmente para este festival. São mais de uma dezena de países aqui representados, e será um espelho deste pequeno-grande mundo no qual temporariamente habitamos.
O que não devem perder, nesta edição, os bibliófilos e leitores, sejam eles anónimos ou praticantes?
A Linha de programação FOLIO Mais, que agrega a programação das editoras, está dotada de um interesse particular este ano. São tantas e tão interessantes as propostas que vale a pena fazer um périplo pelos espaços para ir ouvindo e participando nas várias iniciativas.
Uma componente muito interessante no FOLIO têm sido as exposições, que ocupam a cada edição vários espaços na vila. Com o que poderemos contar este ano?
Este ano vamos ter 12 exposições, espalhadas pelos vários edifícios do centro histórico, mas também em espaço público. São várias as temáticas que poderão encontrar, entre as quais uma grande exposição integrada no FOLIO Ilustra – PIM – Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo, que vai ter lugar na Galeria NovaOgiva, com curadoria de Mafalda Milhões e que celebra os 50 anos da Galeria Ogiva e o escultor José Aurélio. Relativamente a outros destaques, teremos a exposição de João Francisco Vilhena, Diário das Nuvens, e Flexágono. Faces da banda desenhada contemporânea portuguesa, com curadoria de Pedro Moura, uma aposta que o evento fez este ano na Banda Desenhada.
Diga-nos uma boa razão – ou mais do que uma – para que os mais indecisos decidam meter-se no carro e pôr-se a caminho de Óbidos algures entre 14 e 24 de Outubro.
Não faltam razões para visitar o FOLIO. Tentámos criar um programa diversificado para todos os públicos. Se for preciso mais uma razão para ir ao FOLIO, digo somente que durante este evento Óbidos torna-se num local mágico onde o património se alia à literatura, à história e à nossa identidade, e que uma viagem a Óbidos não deixa ninguém indiferente. São todos bem-vindos!
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