Se, de repente, vos atirarmos com o nome de Rowley Jefferson, é provável que se acendam umas luzes, ainda assim insuficientes para alimentar uma cidade durante uma noite inteira. Pois bem, Rowley é aquele tipo desgraçado que sofre de bullying incessante por parte de Greg Heffley – o afamado Banana -, mas que ainda assim se considera BFF deste último.
Escrito e ilustrado por Jeff Kinney, “O Diário do Rowley: Um Miúdo Incrível” (Booksmile, 2019) é um bem-sucedido desvio ao já explorado mundo de “O Diário de um Banana”, que traz para a linha da frente Rowley Jefferson, o saco de pancada de Greg, que decide escrever o seu próprio diário. Porém, quando Greg lhe mostra a sua fúria e o acusa de plágio, Rowley decide antes escrever a biografia de Greg, intitulada “O Diário de Greg Heffley pelo melhor amigo do Greg Heffley“.
Será Rowley que nos irá guiar pelo universo familiar do Banana, do qual fazem parte os seus irmãos Rodrick, que tem uma banda rock de canções com asneiras, ou o pequeno Manny, com tendência para baixar as calças e mostrar o rabiosque.
Acompanhamos Rowley em relatos como a história do homem-bode, fugindo de fantasmas e visitando cemitérios antigos, ou a sua tentativa de criar a meias com Greg uma BD de um novo super-herói, tarefa que implica o clássico exercício de imaginar o que se faria com uma valente pipa de massa – mas, também, para mostrar que a ideia de heroísmo destes dois é muito diferente.
Rowley é um daqueles miúdos algo ingénuos, que não vê maldade nos outros e vai sendo enganado vezes sem conta, sacando com facilidade do perdão. Ainda assim e no meio de tanto elogio, Greg acaba por ser descrito como um mau parceiro de estudo, um aproveitador, o tipo de foge de cena assim que surgem problemas, um mentiroso cheio de tangas e muita conversa, destinada a enrolar os mais incautos.
No meio de tanto bullying semi-camuflado, Greg recebe alguns conselhos dos seus progenitores. E, se para o pai é claro que talvez esteja na altura de Rowley procurar novos amigos – talvez por não compreender o humor de Greg, que envolve atirar-lhe ovos ao carro enquanto este está em marcha -, a mãe prefere recorrer à sensatez e à sabedoria dos lugares-comuns, dizendo que “os amigos chateiam-se uns com os outros“. Para bem do leitor, é bom que Rowley decida seguir o conselho da mãe.
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