E eis que, após cerca de duas décadas e meia e mais de quinze títulos publicados, entre sagas e histórias paralelas, chega ao capítulo final o épico no qual reina FitzCavalaria, personagem maior da literatura fantástica criada por Robin Hobb – pseudónimo de alguém que, no BI, vai assinando como Margaret Ogden.
Em “O Destino do Assassino” (Saída de Emergência, 2019), livro que conclui a Saga Assassino e o Bobo – editada em Portugal em cinco volumes -, embarcamos com Fitz, Bobo e companhia a bordo do Modelo Ideal, um navio vivo que, no final da viagem a Clerres, pretende mudar de vida e transformar-se em dragões – leram bem, em dois dragões.
O objectivo da demanda não é, de todo, pêra doce. O objectivo é libertar Abelha do Castelo de Clerres, para onde foi levada por ser, tudo leva a crer, o Filho Inesperado, capaz de ler todos os sonhos e de tecer os fios que mudarão o mundo – não para melhor, antes para os fins que os Brancos julgarem ser os melhores para usarem em proveito próprio. O plano, porém, prevê pouca chacina e o uso de muito espírito teatral, o que não deixa de ser uma novidade para Fitz: “Em toda a minha longa carreira, esta seria a primeira vez em que o meu objectivo primordial era salvar uma vida e não acabar com ela”.
Sente-se, quase desde o início, um prenúncio de morte, anunciado em sonhos repetidos mas que, a acreditar nos sussurros, poderão ser desviados pela mutabilidade das profecias. Ponto final – tudo leva a crer, mas nisto de pontos finais há muito que se lhe diga – numa história de amizade profunda, não isenta de traições e arrependimentos, que vê cumprir um destino sonhado em silêncio durante décadas. Obrigado a Robin Hobb por ter escrito uma das mais empolgantes e bem desenhadas séries de fantasia épica.
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