Já o dissemos por aqui e mais do que uma vez: Oliver Jeffers é, muito provavelmente, o mais entusiasmante ilustrador da actualidade que habita o universo infanto-juvenil, seja pela forma como faz uso de várias técnicas, estilos e materiais nas suas ilustrações como, também, por possuir uma imaginação que torna cada livro seu num objecto e narrativa únicos.
“Em tempos, existiu um homem que acreditava ser dono de tudo e que decidiu reclamar tudo o que era seu”. É desta forma que começa “O Destino de Fausto” (Orfeu Negro, 2021), a mais recente aventura de Jeffers, que mergulha de cabeça no mundo das ditaduras oferecendo aos mais pequenos uma explicação sobre o perigo do capitalismo exacerbado, enquanto trata de pôr travão ao consumo desenfreado sacando de um mantra importante: é urgente ter noção do que é suficiente.
Para não variar, Oliver Jeffers oferece-nos mais uma masterclass sobre ilustração, aqui à volta de um jogo de cores com apontamentos fluorescentes a que se junta um festim de páginas brancas, que parecem dialogar connosco num convite a que preenchamos livremente o vazio impresso. O passeio pelo mar, a bordo de um barco de madeira, é memorável, tal como a forma como Jeffers capta a sede de poder, a ideia de absolutismo ou a zanga pela não obediência. Simplesmente Jeffers.
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