É já o 12º volume – excluindo da lista “Mord och mandeldoft”, um extra ainda sem edição portuguesa – das aventuras do casal Erica Falck e Patrik Hedstrom, série assinada por Camilla Läckberg, onde a autora sueca tem navegado entre o espírito cusco de uma Caras e a acutilância fria de um Morgan Dexter. Para quem é já um habitué destas andanças, sabe que num momento poderá estar a ouvir falar de tons de tinta de parede para, logo a seguir, ser posto diante de um cadáver, com descrições tão pormenorizadas que farão cócegas ao estômago menos sensível.
No centro de “O Cuco” (Porto Editora, 2023) estão dois acontecimentos, aparentemente sem qualquer ligação entre si: o assassinato de Rolf, um fotógrafo prestes a inaugurar uma exposição com todo o ar de acto de contrição; e Henning Bauer, um escritor prestes a receber o Nobel que, na sua ilha refúgio, começa a ver os seus familiares assassinados.
Uma vez mais Läckberg serve-se de uma viagem entre o presente e o passado, cabendo a Erica Falck encontrar a fagulha que possa incendiar uma investigação emperrada, que poderá estar ligada à morte de uma mulher trans em Estocolmo nos anos 80, vítima de fogo posto.
Para além de um caso policial bem montado, que uma vez mais procede de uma escavação arqueológica familiar, o leitor acompanhará a aversão de Patrick à mudança e o seu medo de envelhecer, bem como o processo de escrita de Erica, muito provavelmente semelhante ao de Lackberg, nesta série que continua a ser boa de acompanhar: “Era assim que todos os seus livros começavam: com o destino de um ser humano e a vontade de Erica descobrir o que acontecera, e de narrar o sucedido de forma a ir ao âmago da questão”.
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