Aquele era um dia muito especial. Há um frenesim no ar, é preciso ultimar os preparativos para a celebração. De madrugada bem cedo, um enorme bando de aves levara a boa nova, até aos últimos recantos da savana, de que todos os animais estavam convidados para o aniversário do Leão, o Rei.
Os primeiros a chegar foram os leões, os tigres, os leopardos e as panteras, mas muitos outros estavam por chegar. “Suadas pelo esforço e cobertas pelo pó do caminho chegaram enormes tartarugas de terra, arranhando o solo com as suas longas unhas”. Na pradaria havia já um imenso fervilhar de animais, e os trinados dos rouxinóis, melros, pintassilgos e canários alegravam a festa. O último a chegar foi o Cisne Negro, deslizando elegantemente sobre as águas do lago. Terminadas todas as apresentações e com todos os convidados presentes, o aniversariante “deu ordem para que começassem a tocar a música”, e a festa iniciou-se.
“O Carnaval dos Animais” (Kalandraka, 2021 – reedição) é um livro musical. A leitura do texto poderá ser acompanhada pela audição de uma selecção das melhores interpretações orquestrais, acessíveis através de códigos QR. O leitor ficará a conhecer o texto de José António Abad Varela, inspirado na suite de 14 andamentos, que ficou conhecida como O Carnaval dos Animais, composta em 1886 durante umas férias de Camille Saint-Saëns numa aldeia austríaca. Trata-se de uma composição humorística – uma espécie de colagem musical de obras do próprio autor, de antigas canções francesas e de outras peças conhecidas. Por vontade de Saint-Saëns, só depois da sua morte é que foi estreada, tendo vindo a tornar-se numa das suas obras de maior êxito. As caricaturescas figuras dos animais, da autoria de João Vaz de Carvalho, reforçam o espírito lúdico da obra.
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