“Se há uma coisa que eu aprendi é que, muitas vezes, o assassino é o suspeito mais improvável.”
Um programa de televisão que recria casos por resolver, na esperança de encontrar pistas que escaparam nas investigações iniciais, não através de actores mas de testemunhas, amigos e familiares, que narram o crime em primeira mão – é esta a premissa que une Mary Higgins Clark e Alafair Burke na série “Sob Suspeita”.
“O Assassínio de Cinderela” (Bertrand, 2016) é o primeiro livro da série, que recupera as personagens principais do livro “O Azul dos Teus Olhos”, de Mary Higgins Clark, um nome que dispensa apresentações no panorama da literatura norte-americana. Agora, numa escrita a quatro mãos juntamente com Alafair Burke – uma escritora de livros de suspense que Mary Higgins Clark diz há muito admirar -, este primeiro volume apresenta uma fórmula que se prevê vir a fidelizar o leitor.
Numa escrita leve e despretensiosa, com capítulos curtos que imprimem ritmo à acção, as autoras envolvem-nos numa trama de suspense e mistério. No capítulo inicial ficamos a conhecer o caso do homicídio de “Cinderela”, uma bonita estudante universitária – Susan Dempsey – cujo corpo foi encontrado no Laurel Canyon Park, sem um sapato. O mediatismo que o caso atingiu, ao envolver suspeitos pertencentes à elite de Hollywood e do mundo da tecnologia, tornam-no no caso perfeito para o programa “Sob Suspeita”.
Seguimos com Laurie Moran, a produtora televisiva que alcançou o sucesso depois de, logo no primeiro episódio do programa, ter ajudado a resolver um caso de homicídio. Laurie não se limita a desempenhar este papel profissional, possuindo a sua tragédia pessoal que a envolve de forma emocional no trabalho. A acompanhá-la está uma equipa de trabalho, que traz tanto realismo como um lado divertido à história.
Ao longo das mais de 300 páginas vão-nos sendo apresentadas personagens interessantes que, de alguma forma, estiveram relacionadas no caso, com diferentes motivações, quer para possivelmente terem cometido o crime, quer para aceitarem participar neste programa. É curioso perceber de que forma o assassínio de Susan Dempsey mexeu nas suas vidas, como evoluíram enquanto personagens ao longo destes 20 anos desde a sua morte.
O leitor é convidado ele próprio a deslindar o caso, a seguir os sinais que apontam para este ou aquele suspeito. Ainda que a resolução não seja de todo óbvia, vai-se aclarando com a aproximação do desfecho. O programa acaba também por trazer a revelação de segredos que, ao se entrelaçarem com a produção televisiva, põem Laurie e a sua equipa em perigo. O desenvolvimento das personagens em capítulos alternados traz ainda mais envolvência e ritmo a este thriller, pleno de intriga e suspense. Para 2017 está prevista a publicação do segundo título da série: “Toda Vestida de Branco”.
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