Costuma dizer-se que burro velho não aprende línguas, uma máxima popular que, a acreditar na fé e no engenho de Frederico Lourenço, poderá estar a antípodas da verdade. Para além de nos ter começado a servir uma primorosa tradução da Bíblia a partir do grego, o autor apresentou-nos também dois livros onde gastou todo o seu latim, e que farão com que o leitor comece do zero e aprenda as bases desta língua: “Latim do Zero”, que vai do zero a Vergílio em 50 lições, e esta “Nova Gramática do Latim” (Quetzal, 2020 – reimpressão), uma gramática nova “cujo objectivo é sistematizar de forma desempoeirada os tópicos essenciais para a leitura de textos latinos em prosa e em verso”.
Relativamente à morfologia, esta Gramática está no “porquê” das coisas, enquanto na sintaxe a aposta foi para a síntese e o pragmatismo. Frederico Lourenço destaca, igualmente, o “vocabulário essencial da língua latina”, uma cábula essencial guardada para a parte final do volume, onde está igualmente uma antologia de pequenos textos latinos de épocas diversas, “desde o epitáfio de uma mulher romana que morreu no século II a.C. Ao epitáfio do Papa Gregório V, que morreu em 999”, que poderão ser lidos como uma espécie de códigos a serem decifrados com as cifras fornecidas por Lourenço.
Há, também, um percurso através da História, na qual o leitor mergulha no imperialismo romano, que impôs o império da língua latina atirando com línguas como o osco, o úmbrio, o falisco ou venético para o esquecimento – mas lançando as sementes daquilo que viria a ser o Português -, bem como capítulos dedicados a noções básicas de pronúncia, à apresentação do alfabeto ou aos ditongos e acentuação. Quanto à Gramática, surge dividida em dois grandes blocos, Morfologia e Sintaxe, e um outro mais genérico intitulado Varia. Bonum classes, o mesmo que dizer boas aulas – isto se o tradutor online não tiver feito das suas.
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