Emma Lidia Squillari é italiana e licenciada em ilustração pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Bolonha. “No Ovo” (Kalandraka, 2020) é o seu segundo livro, um álbum bem-humorado, imaginativo e engenhoso.
As guardas inicias, num azul pálido, transmitindo tranquilidade e serenidade, são simultaneamente misteriosas pelo silêncio e aparente ausência de significado. No final, o leitor alcançará a ironia embrionária desta quietude.
Doze ovos, com tamanhos e texturas diferentes, num ambiente sombrio e silencioso, quente e confortável, mas não por muito tempo. A dúzia de espécies ovíparas estava pronta a romper, o espaço diminuto tornara-se desconfortável e… surpresa: cá fora havia um mundo e amigos por descobrir. O pintainho, o pato, a tartaruga, o crocodilo, o camaleão, a avestruz e outros tantos, mas foi o pitão, que “não era lá muito educado”, que ocupou cada vez mais as páginas deste magnífico álbum.
A leitura da imagem permite ao leitor desvendar o sentido enigmático da história, onde no início nada parece acontecer. Paulatinamente, as ilustrações permitem a compreensão do texto, breve, simples e conciso. Ao virar cada página, o leitor é surpreendido pela graciosa conjugação do espaço e do tempo, do movimento, marcando o ritmo da narrativa. As aguarelas e os lápis de cor dão vida às aves, aos mamíferos e aos répteis, introduzindo o leitor num jogo visual, acelerando a imaginação, a curiosidade e ampliando o desejo de desvendar o mistério dos doze ovos, conhecendo os segredos da natureza, as implicações das transgressões e a violação do respeito.
Numa elegante interacção entre o texto e a imagem, a autora conduz a atenção do leitor para o protagonista, permitindo-lhe acompanhar a intriga e surpreender-se quando pensa que nada mais poderá acontecer.
1 Commentário
Pela simplicidade do texto imaginamos uma boa história para os mais pequeninos. Errado! Um dos ovos ser de um animal que vai devorar os outros todos transporta-nos para uma versão de cariz político e de luta pela sobrevivência que os mais pequeninos, para além de não perceberem, achar-se-ão indefesos e amedrontados.