Baseado nos romances de Leo Malet – que alguns dizem ter criado o primeiro detective privado da ficção francesa – e a partir do universo gráfico de Tardi, Nestor Burma chega-se à frente com um cartão-de-visita que mais parece um anúncio de vendas: “O detective que põe o mistério K.O.!”. Alguém que gosta tanto do que faz que nem uma lotaria na conta bancária consegue levar à reforma antecipada, preferindo um mundo de crime propício a tiradas existencialistas: “Eu gosto de saber de onde parto e para onde vou”.
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Este detective, claramente com uma costela arrancada a Philip Marlowe – a genial invenção de Chandler -, surge sempre bem acompanhado pela secretária Hélène Chatelain, que sabe que a porrada é certa mas que admite, por esta altura, alguns progressos: “Está francamente a progredir… desta vez escapou ao golpe de misericórdia na cachimónia”.
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“Boulevard… Ossada” (Gradiva, 2023), o 4º álbum das aventuras de Burma, começa com a visita de um negociante de diamantes, que os põe no rasto de um enigmático faz-tudo e estiloso chinês. Um caso sério de investigação onde há moda, diamantes, emigração, prostituição e esqueletos – no armário e fora dele. Nada que Burma e o seu cachimbo (quase) sempre aceso não possam resolver.
O 5ºálbum, a caminho das livrarias, já tem título: “Balbúrdias e Mixórdias no Boul`Mich”.
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