É o primeiro livro da Comunidade Céptica Portuguesa: “Não se deixe Enganar” (Contraponto, 2017) foi escrito por quatro elementos desta Associação: Diana Barbosa, João Lourenço Monteiro, Leonor Abrantes e Marco Filipe. Os autores apresentam-nos um compêndio muito actual, que serve de vacina contra a proliferação de técnicas de marketing fraudulentas, afirmações científicas estapafúrdias e aldrabices diversas.
A obra relembra que temos de saber usar o nosso pensamento crítico. Faz uma defesa do método científico, que nos ensina que afirmações extraordinárias precisam de provas extraordinárias. Nada de argumentos de autoridade ou hierarquia – na ciência até quem ganha o prémio Nobel tem de conseguir provar a veracidade das suas conclusões.
“Não se deixe enganar” aponta a mira a uma série de questões na ordem do dia: desde o medo dos “químicos” e transgénicos na nossa alimentação, passando pelo espiritismo e as suas técnicas de engano, as terapias “alternativas” e orientais, os “detoxes”, até à má representação da ciência nos meios de comunicação social – os famosos estudos que, numa semana, nos dizem que o café é cancerígeno e, na seguinte, já previne o cancro.
Todos estes assuntos são abordados de forma rigorosa mas bem-humorada. Os autores chegam ao ponto de “inventar” uma “Bandolete Quântica”, artigo milagroso que – usando a linguagem da pseudociência – melhora o desempenho sexual, estimula o sistema imunitário, faz perder peso e celulite e ainda elimina toxinas nocivas. Isto graças à “harmonia magnetocinética dos seus chips catiónicos, à nanotecnologia e à engenharia aeroespacial da NASA”.
Brincadeiras à parte é um livro fascinante, que devia ser de leitura obrigatória nesta época de “pós-verdade” – para que deixemos de ser clientes das hostes de vendedores de banha da cobra, apostadas em separar os incautos do seu dinheiro.
Como conclusão, há que seguir o conselho dado no prefácio de Carlos Fiolhais e David Marçal: devemos cultivar uma mente aberta, mas não tão aberta que os miolos nos caiam para o chão.
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