Uma sociedade sobre-humana, que levou a um aumento da criminalidade e à impotência do Estado, e que conduziu os cidadãos comuns a criarem um movimento para combater o mal – cidadãos que, mais tarde, acabariam por se tornar trabalhadores do Estado. É mais ou menos este o enquadramento pouco colorido de My Hero Academia, a série de mangá lançada em Portugal com o selo da Devir cujo terceiro volume chegou há pouco tempo às livrarias – e que é, arriscamos dizer, uma das imperdíveis, juntamente com outras com o calibre de One-Punch Man ou Assassination Classroom – também publicadas pela Devir.
Logo a abrir este terceiro número, deparamo-nos com os comentários dos pequenos heróis sobre All Might, que trazem à memória os reparos futebolísticos de Gabriel Alves – Gaby para os amigos: “Mas como? Tão ágil!“. All Might que, apesar de estar com o heroísmo racionado pelos ponteiros do relógio, consegue tratar da saúde a Noumu, fazendo dele “um saco de areia humano“. Apesar de saírem de cena com o rabinho entre as pernas, os mauzões lá arranjam forma de engolir a derrota com algum estilo: “Fomos arrogantes. Ainda bem que escolhemos um nome fatela, “União dos Vilões”“. Entre esses vilões está Shigaraki Tomura, que parece ter tomadas ou carregadores USB à volta do corpo todo.
Apesar de ter fracturado os ossos na cara, de ter ficado com os braços em papa e de as órbitas oculares terem sido pulverizadas, All Might acredita que os alunos da Turma 1-A vão tornar-se heróis fortíssimos, especialmente o pequeno Midorya, que conseguiu salva-lhe outra vez – palavras suas – o couro.
Neste volume está em destaque o Festival de Atletismo da UA, lugar onde os heróis contratam os seus companheiros depois de se reformarem – assim posto parece uma escola de empreendedorismo. E que, como primeira prova, apresenta uma corrida de obstáculos, mas não uma daquelas com barreiras ao estilo dos Jogos Olímpicos. Para Midorya, que continua a não conseguir ajustar o seu poder, a estratégia é clara: superar as suas limitações.
À semelhança dos volumes anteriores, continuam as apresentações das personagens feitas a preceito, normalmente vestidos com roupas casuais e retratados através de histórias com muita pinta. Textos que, se umas vezes se assemelham a um diário, outras têm todo o ar de um confessionário artístico – como, a certa altura da história, Horikoshi conseguir dedicar um capítulo inteiro a Shousi Me-Zou, um tipo que gosta de Takoyaki e esparguete com tinta de lula. Humor, gastronomia e heroísmo a rodos, servido com muita classe por Kohei Horikoshi. Ainda há heróis, apetece dizer.
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