“Se me ouves… os teus dias estão contados. Vou arrancar-te de mim, mesmo que seja a última coisa que faço.”
Depois do primeiro, estranho e fantástico volume, a grande questão que o leitor teria colocado ao virar a última página de “O Despertar” era a de se Marjorie Liu e Sana Takeda conseguiriam manter a pedalada, fazendo de Monstress uma das séries de banda desenhada a seguir de perto. Pois bem, “O Sangue” (Saída de Emergência, 2018) confirma que estamos diante de uma das mais originais e entusiasmantes séries da actualidade, onde o lado visual, arrancado a um cenário Arte Déco 3.0, se alia a uma história carregada de monstros, onde a brisa Oriental se faz sentir como uma corrente que arrepia.
Maika, que esconde dentro de si uma criatura demoníaca, procura descobrir os segredos de Moriko, a sua falecida mãe, que tinha uma larga obsessão pela Imperatriz-Xamã. Para isso, esta jornada irá levá-la, sempre na companhia de uma raposa falante, à cidade de Thyria, controlada por piratas, e também à misteriosa Ilha dos Ossos, num confronto entre passado, presente e futuro que a obrigará a saltar toda e qualquer ideia de adolescência.
Com a chave da Ilha dos Ossos como única esperança, Maika tentará ultrapassar o aviso do tubarão – “Não se pode navegar naquele sítio. É um véu branco que cai entre nós e o mundo.” -, procurando responder à dúvida que a assalta como uma maldição de família: “De que parte tenho de abdicar para ser digna do teu fantasma?”.
O leitor irá travar conhecimento com um assassino canibal, ovelhas chacinadas, piratas que controlam os mares e o comércio de peixe em terra, bruxas fora do comum ou um gato que força os mortos a abdicar dos seus segredos.
Este segundo volume oferece ainda vários excertos de palestras do Professor Tam Tam, antigo Primeiro Arquivista do Templo de Is`hami e contemporâneo erudito de Namron Garra Negra. Magia e medo, numa fábula sobre os monstros que cada um de nós esconde dentro de si.
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