“Porque é que os pássaros voam para o sul no inverno?”. “Porque é que as folhas mudam de cor?”. “O que é a chuva?”. “O que é a lua?”. “Porque é que o mar é azul?”. As perguntas (con)vivem entre nós, adultos, às vezes distraídos e esquecendo a importância das perguntas, ao contrário dos mais jovens: sempre curiosos e atentos, perguntam e voltam a perguntar. Num acto inocente, mas de pura intencionalidade de quem quer ler o mundo.
“Mas Porquê?” (Orfeu Negro, 2019) é um livro com muitas perguntas, onde as respostas não são o mais importante – apenas o ponto de partida na aventura do pensar. O essencial é perguntar: perguntar para que o espanto não termine. Perguntar para maravilhar. Perguntar para problematizar, para construir significados. Perguntar para despertar o pensamento divergente. Perguntar para simplesmente voltar a perguntar. Perguntar para dialogar e exercitar o pensamento crítico.
É um livro de detalhe na ilustração, promovendo um jogo de luz e de sombra, atento aos pequenos movimentos ou às simples expressões dos personagens. Não esquecendo as portas, que se abrem com perguntas. Portas secretas, que nos conduzem a mundos imaginários, divertidos e arrebatadores. Portas sensíveis a jovens que sabem questionar.
As guardas padronizadas do livro de Mac Barnett transportam-nos ao infinito, onde cada planeta, de cores distintas, simboliza o universo das perguntas. Este universo é um espaço onde as crianças dão voz aos seus pensamentos, às suas interrogações, ao mesmo tempo que aprendem a ouvir, a respeitar o outro, a aceitar a diferença, a serem livres de reajustar, corrigir, enfim, de conquistar a autonomia.
Para aqueles que se deslumbram com um bom livro infantil a obra de Mac Barnett não passa despercebida. Mac é conhecido pelo seu poder imaginativo e por ter criado os textos da trilogia das formas – Triângulo, Quadrado, Círculo – e dos álbuns “O Lobo, o Pato e o Rato” e “Uma Aventura Debaixo da Terra”. Ganhou o Boston Globe – Horn Book Award 2012 e o Prémio White Read Aloud, em 2013.
Isabelle Arsenault é uma ilustradora canadiana. Em 2005 e 2013 ganhou o Prémio do Governor General’s Award de ilustração infantil em língua francesa pelo Le Coeur de Monsieur Gauguin.
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