É certo que a literatura infantil vive tempos prósperos e muito inventivos, com livros que deliciam tanto miúdos como graúdos, mas é de saudar a edição de títulos claramente apontados e preparados para os mais novos, tanto em termos de história como, principalmente, ao nível dos desenhos. É o caso deste “Mamã?” (Orfeu Negro, 2016), escrito e desenhado por Chris Haughton, um dos mais aclamados ilustradores internacionais que, com este título, faz a sua estreia em Portugal.
No dia em que adormece e cai do ninho, o pequeno mocho sente que lhe tiraram o mundo debaixo dos pés – ou será das patas? Onde estará a sua mamã, pergunta-se entre lágrimas de mocho, às quais vão respondendo os outros animais da floresta que tudo farão para ajudar o pequeno a regressar ao ninho e aos cuidados maternais.
Há, porém, muitos equívocos e enganos, provocados quer pela miopia dos ajudantes, quer pelas fracas descrições do pequeno que, com um simples “enorme“, “olhos grandes” ou “orelhas pontiagudas” – nunca proferidos em simultâneo -, espera conseguir voltar às asas da mãe. Até que uma rã bem informada parece ter as coordenadas mágicas do reencontro.
Com desenhos deliciosos, acompanhados de cores vivas e um lettering ideal para que os mais pequenos comecem a aprender o abecedário, “Mamã?” é um bonito tributo ao ser gerador e cuidador da existência humana, seja ele humano ou animal. O livro, que aqui recebe uma edição cartonada de cantos redondos, levou para casa o Prémio Andersen 2013, o Prémio Sorcières 2012 e o Prémio Bisto Children’s Book 2011.
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