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Maldita Matemática, Arkádi Avértchenko, bruáa, Deus Me Livro, Crítica
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“Maldita Matemática” | Arkádi Avértchenko

Por Julia Martins · Em 16/11/2020

Quantas vezes já escutámos o som destas palavras: “Maldita Matemática” (bruaá, 2020)? Semion Pantalíkin, miúdo fantasista e sonhador que gostava de hipérboles, já o escutou por diversas vezes. Naquele dia, na aula de matemática quando o “professor ditou o problema, os alunos apontaram-no e, quando o mestre tirou o relógio e sentenciou que tinham vinte minutos para o resolver, Semion Pantalkin passou a mão borratada de tinta pela cabeça redondinha e disse para os seus botões: “Se não o resolver, é o meu fim!”” – e, talvez, tenha repetido vezes sem conta Maldita Matemática. Nos seus exageros, era hábito “ver em tudo o lado mais sombrio” e, nessa aula de matemática, quando o professor ditou o problema, não foi diferente.

O jovem Semion Pantalkin “vivia tão-somente no meio das imagens concretas”, daí a dificuldade em resolver problemas tão abstractos como aquele que o professor lhe ditou. Seria ele capaz de responder a tão grande desafio? Será a matemática apenas um conjunto de algarismos, técnicas e memorização? Claro que não! A resolução de problemas apela à criatividade e incentiva o raciocínio e o pensamento reflexivo. O jovem Semion, atemorizado e completamente perdido, dá então asas à sua imaginação em busca de respostas. Mas o tempo vai passando e, em vez de soluções, só encontra perguntas e mais perguntas.

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Porque será a matemática tão amaldiçoada? Talvez não seja bem compreendida, talvez necessite de mais treino, talvez haja meninos e meninas com mais competências no pensamento divergente do que no convergente. A matemática não pode ser maldita; pelo contrário, deverá ser acarinhada e estimulada para desenvolver o gosto na aprendizagem desta disciplina, uma aprendizagem onde é imperativo respeitar os ritmos – nenhum jovem aprendiz poderá tartamudear “Não fiz … não tive tempo…”.

As guardas decorativas apresentam o motivo relativo à história que vai iniciar – a matemática. A quadrícula, invocando um caderno diário, conduz o leitor à porta da sala de aula, onde nos espera um professor sisudo e austero, traçado pelos lápis e pincéis de João Fazenda. Os tons verdes, plenos de esperança, terminam em tons mais escuros, que dão lugar ao terrível momento de enfrentar o professor e informá-lo de que o exercício não foi concluído.

Numa articulação harmoniosa entre as imagens do ilustrador e texto Arkádi Avértchenko, o leitor desfruta de um excelente livro, uma leitura para todos os que aprendem matemática, professores, pais… – para todos os leitores.

Maldita Matemática, Arkádi Avértchenko, bruáa, Deus Me Livro, CríticaArkádi Avértchenko foi um dos grandes satiristas russos do princípio do século XX, apelidado de rei do riso. Fundou e dirigiu a histórica revista Satiricon, onde colaboraram grandes nomes da literatura e ilustração russa. Depois da Revolução de Outubro de 1917 teve que exilar-se, passando por vários países europeus e pelos Estados Unidos da América. No entanto, a sua carreira foi curta, morrendo aos 40 e poucos anos.

João Fazenda começou muito novo a colaborar com fanzines de banda desenhada, e andava no secundário quando o seu primeiro livro de BD foi publicado. Começou a fazer ilustração para livros e jornais, acabando por se dedicar a esta área depois de terminar a licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Colabora regularmente na imprensa nacional e estrangeira para publicações como o Público, Visão ou o New York Times. Ilustrou livros para todas as idades, capas de livros e discos, cartazes de cinema e campanhas institucionais. Em 2015 venceu o Prémio Nacional de Ilustração.

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Julia Martins

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