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“Mães que tudo” | V.A.

Por Ana Ilhéu · Em 22/05/2019

Haverá, entre os presentes, quem já tenha experimentado a maternidade? E ser filho/a? Alguém sabe o que significa? O que se sente? O que se pensa? O que se experimenta? “Mães que tudo” (Companhia das Letras, 2019) é isso: uma compilação de experiências partilhadas, vividas ou tão só imaginadas, de pertença e de perda, sempre de enaltecimento e de homenagem ao ser e às origens, biológica e emocionalmente falando.  Experiências de mães e de filhos/as, com equilibrada alternância de sujeitos.

Uma compilação de emoções, numa viagem ao mais íntimo do ser humano, a sua origem. A capacidade que uma mãe tem de se multiplicar para além do expectável, de resistir à carência, de sobreviver em cenários inimagináveis, com as reservas de força física e anímica completamente deficitárias. Mães que deixam marcas para sempre, da sua alegria e entrega, mas também do seu sofrimento. Mães que, através do ser mãe, modelam a maternidade de outras mães, noutros tempos, ainda que com a mesma história. Mães que se tornaram filhas, exigindo cuidado, atenção e aceitação, que descolam da realidade e, ainda assim, representam a felicidade de ter uma vida.

“O espaço em branco reconhece que nasci de um naufrágio, um surto da natureza na sua animalidade que transborda o humano.” Mães que Filipa Martins, em 12 Milímetros, ousou fazer sobreviver e, ao fazê-lo, preeencheu espaços em branco, ausências desejadas, outras sentidas como fustigadoras. Mães que “enconcham” existências, protegendo “pequenos pavios vivos“. Mães cobardes na sua coragem.

“A minha mãe é o meu tempo, conto-me a partir dela, uma cronologia pessoal com um início bem preciso nela. Na carne, na essência“, escreve Isabel Lucas, em E se ela chorar para sempre, reflectindo sobre mães que nos tornam mais delas, escapando ao tempo, ao expectável, tonando-se excessivas como quem “ama para sempre e chora para sempre“.

Ana Margarida de Carvalho, Cláudia Clemente, Djamilia Pereira de Almeida, Filipa Martins, Isabel Lucas, Isabela Figueiredo, Luísa Costa Gomes, Marlene Ferraz, Mães que tudo, Companhia das Letras, Deus Me Livro, Raquel RibeiroMães que partem e que continuam. “Perder uma mãe é como perder uma arritmia cardíaca. Uma pessoa saudável não se lembra que tem coração, mas, se este adoece, torna-se o centro da atenção” (Terra, Isabela Figueiredo).

O cardápio de autoras é diverso, assegurando a riqueza de estilos, entre narrativas mais fluidas e pequenos cenários com trincheiras pensadas para o/abrigar o leitor a/no sentir. Acaso registos vividos ou tão só imaginados.

“O amor de mãe não obedece a leis e atropela, sem remorso, toda a matéria que se levante como um impedimento”. São as atmosferas criadas pela melancolia e delicadeza que caracterizam a escrita de Marlene Ferraz, onde a presença da morte está muitas vezes presente, riscando a vida de vazio mas, também, de luta e superação.

Ana Margarida de Carvalho, Cláudia Clemente, Djamilia Pereira de Almeida, Filipa Martins, Isabel Lucas, Isabela Figueiredo, Luísa Costa Gomes, Marlene Ferraz e Raquel Ribeiro. Ao todo, nove contos impregnados de identidade e perspectiva do ser e do sentir materno, muitos deles matéria bruta de emoção para ser processada pela maquinaria de cada leitor.

Uma edição em capa dura, lançada pela Companhia das Letras a pretexto do dia da mãe, pertinente a cada minuto que passa ou não fosse a maternidade um prolongamento da própria cronologia.

“Às mulheres caberá uma qualquer ginástica anatómica que lhes permita, mesmo que não saibam usar a agulha, continuar a bordar as linhas do tempo.” (Dez pequenos passos para deserdar uma mulher, Raquel Ribeiro)

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Ana Ilhéu

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