No próximo dia 13 de Outubro, o Goethe-Institut Portugal apresenta o segundo debate do ciclo AUTOMAT: Literatura e Inteligência Artificial, que tem vindo a abordar temas relacionados com os desafios e o potencial da inteligência artificial no universo literário. “Script ou Escrita: Inteligência Artificial e Poesia Digital” é o tema deste novo encontro, que terá lugar às 19h00 na Biblioteca do Goethe-Institut, em Lisboa, com transmissão simultânea em streaming no Facebook.
João Gabriel Ribeiro, director da revista digital Shifter, e Rui Torres, um dos pioneiros da poesia digital em Portugal, debatem a interação entre inteligência artificial e o mundo das letras, numa conversa que aborda a literatura na rede e como rede, a autoria colaborativa e o futuro da escrita. Neste encontro, Rui Torres demonstrará, ao vivo e em tempo real, a criação de um poema digital com base em duas obras distintas com o mesmo título: o “Fausto”, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, e o “Fausto” do poeta português Fernando Pessoa.
SOBRE POESIA DIGITAL
As primeiras tentativas de produzir poesia no mundo digital datam dos anos 50, e foram levadas a cabo pelos matemáticos Christopher Strachey (1916-1975), em Manchester, e Theo Lutz (1932-2010), em Estugarda, na Alemanha. Ao seleccionar aleatoriamente as palavras e frases adequadas, Strachey e o seu computador produziram pequenas cartas de amor, utilizando o manual de programação de Alan Turing. Em 1959, Lutz criou os seus “Textos Estocásticos” com a ajuda de um computador, para o qual utilizou material linguístico do romance “O Castelo” de Franz Kafka.
Nos últimos anos, o debate sobre a inteligência artificial voltou a chamar a atenção para estas primeiras experiências da vanguarda ciberliterária, que usa a rede não só como plataforma mas, também, como meio de produção. Explorando, em ambiente digital, as potencialidades do texto como script, a poesia digital procura “a descentralização e não linearidade, a interação do poema com o leitor e com o espaço digital e também o som e o movimento: uma hiper-poética”. (Cláudia M. J. Pinto em Electronic Poetry Center: Novas formas editoriais para novas formas literárias)
SOBRE OS CONVIDADOS
Rui Torres, natural do Porto, é professor catedrático na Universidade Fernando Pessoa, leccionando seminários em comunicação, semiótica, literatura e hipermédia – seus cruzamentos e metodologias. É membro do Board of Directors da Electronic Literature Organization. Coordenador do po-ex.net. Tem livros, artigos e outros textos publicados sobre literatura, comunicação e cibertextualidades. Faz trabalhos de escrita criativa digital, poesia digital e/ou ciberliteratura, sendo autor de “Poemas no meio do caminho” (poesia combinatória animada por computador), “Herberto Helder Leitor de Raul Brandão” e “Amor de Clarice” (poema hipermédia).
João Gabriel Ribeiro, jornalista e designer, co-fundador e director do Shifter, é formado em Marketing e Publicidade pela ESCS. Movido a curiosidade pura, é um autodidacta obsessivo em temas como a tecnologia, o design ou os novos media, procurando estabelecer pontes entre áreas e expandir os seus horizontes. Com um gosto antigo pelas ciências naturais e uma tendência para as ciências sociais, faz da intersecção entre domínios o seu território habitual, explorando-o em artigos para o Shifter ou, de forma mais longa, em publicações como “Uma Questão de Inteligência”. O Shifter é uma publicação cooperativa e criativa para a geração digital, com a missão de acompanhar e compreender o presente para preparar com consciência o futuro.
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