Naoya Matsumoto já nos habituou, em jeito de abertura, a partilhas com um certo ar diarístico, e este “Kaiju nº 8: Volume 6” (Devir, 2024) não é excepção: “Há três anos que comecei a criar um gato no meu local de trabalho, e passo os dias a ser tranquilizado por ele. As marcas de mordida que tenho no braço são como medalhas que condecoram o nosso vínculo”.

Mesmo com as expectativas de vida a acusarem alguma redução, Kikoru Shinomiya decide enfrentar o Kaiju nº 9. Afinal, “é um desafio que a próxima geração deve enfrentar”, ainda mais se tivermos em conta o congelamento mental e físico de Kafka Hibino, que não há meio de se conseguir transformar. Uma transformação que tem um motivo estranhamente altruísta: o medo de magoar os outros.

Já com o capitão Narumi a juntar-se a festa, e depois de um mergulho profundo na vida passada e trágica de Kikoru, este combate revela-se bem mais complicado do que o previsto. Qual IA, o Kaiju nº 9 aprende na sua convivência com os humanos, evoluindo continuamente como se fosse um vírus sabichão – além de possuir uma arma secreta herdada do kaiju original. Estratégia e dissimulação, sombra e muito fumo, num volume sólido de uma série que pode ainda subir alguns furos.
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