Naoya Matsumoto já nos habituou a servir, a cada volume, uma nova curiosidade, e este “Kaiju nº 8: Volume 4” (Devir, 2024) não é excepção, trazendo algo que poderia estar impresso numa revista dedicada a kits tecnológicos: “Os fones são meus companheiros de trabalho. Talvez seja o produto electrónico mais usado em casa, a seguir ao frigorífico”.
A acção de Kaiju nº 8 tem lugar no Japão, um dos países do mundo com a maior incidência de Kaijus, monstros decididos a dar cabo disto tudo. Eles e os Yojus, os kaijus secundários que surgem após os kaijus terem sido derrotados.
Kafka Hibino, que durante anos trabalhou numa empresa de limpeza de kaijus, cumpriu o sonho de pertencer à Força de defesa, onde reencontrou a Capitã Mina Ashiro, amiga de infância, paixão não declamada e com quem havia feito a promessa de combater lado a lado os monstros. Pelo caminho, acabou por se ver transformado num Kaiju, recebendo da Força de Defesa o nome de código Kaiju nº 8, um segredo que alguns dos seus companheiros conhecem – digamos que o transformado Kafka acabou por lhes salvar o pêlo.
Neste 4º volume, assistimos a uma luta épica entre o sub-capitão Soshiro Hoshina e um kaiju com o ar de King Kong dos Olhos Infinitos, e as casas de apostas parecem todas favorecer o mau da fita: “Limite do uniforme excedido. Poder total desactivado”. Neste cenário de aparente derrota, será tempo de recuar à infância de Soshino, pouco apoiado pelo pai na decisão de se tornar um mestre das lâminas: “No período Edo, poderias ser considerado um génio. Mas a era dos espadachins já acabou”. Provavelmente aconselhou-o a ser médico ou advogado, mas Soshino decidiu levar a sua avante.
Quem está decididamente em maus lençóis é Kafka Hibino que, após ser exposto como o Kaiku nº 8, vê agora o seu futuro ser discutido pela Força de Defesa, que hesita entre a execução pública e transformá-lo – ou uma das suas partes – em arma biológica, como aconteceu anteriormente com outros kaijus. Apesar disto, tanto Mina como toda a Terceira Divisão estão com Kafka, reunindo documentação que impeça a sua morte. Para Kafka, a solução passa por provar ser humano, mesmo que no lugar do coração pareça estar um núcleo sem vasos sanguíneos. No próximo volume, será tempo de os novatos se chegarem à frente – venha ele.
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