Depois da publicação de “O Homem que Matou Lucky Luke”, “Lucky Luke Muda de Sela” e “Procura-se Lucky Luke”, A Seita chega-se agora à frente com “Jolly Jumper Já Não Responde” (A Seita, 2021), o quarto volume da colecção Lucky Luke visto por…, na qual desenhadores de hoje se aventuram a recriar as aventuras do cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra – e que, para mal dos seus pecados, foi obrigado a deixar de fumar, contentando-se agora em usar uma palhiha como quem usa um palito após as refeições.
“Jolly Jumper Já Não Responde” foi entregue a Guillaume Bouzard, um autor mais ligado à cena alternativa da BD francesa, que nos oferece aqui uma história em em que Jolly Jumper, o transporte e fiel amigo de Luke, entra numa espécie de greve de silêncio – ou isso ou Luke está a meio passo da loucura.
Por falar em tabaco, é o próprio Luke que brinca com a coisa, enquanto se entretém com a sensaborona palhinha: “Já larguei há seis anos e, olhe, acredite se quiser, mas quando passo em frente a um campo, tenho sempre vontade de pastar!”.
Como não podia deixar de ser, temos os irmãos Dalton ao barulho. Desta vez, um deles decidiu entrar em greve de fome, e só pensa em mudar de ideias depois de falar com Lucky Luke. Quanto a Jolly Jumper, como se referiu atrás, parece ter feito uma greve mas aos ouvidos, o que faz Luke pensar em formas de reatar a relação, como mudar de outfit – algo com que Bouzard brinca de forma hilariante. Assim como o faz em relação aos Dalton, que vai-se a ver são… Daltónicos.
Joe Dalton continua a puxar dos galões e a aumentar o seu arsenal de ameaças a Lucky, saindo-se com mimos como este: “Vou descaroçá-lo à colherada”. Ou ainda este: “Vou levá-lo de férias para Benidorme”. Mas tudo é perdoável, ainda mais se a Mã Dalton fizer parte da equação. Traço vivo, cores contrastantes e um humor singular, num livro assinado por um habitué nestas andanças das homenagens.
Nascido no ano de 1968, em Paris, Guillaume Bouzard começou cedo a desenhar os seus professores nas margens dos cadernos e, mais tarde, na seu própria fanzine, a que deu o nome de “Caca Bémol”. Em 1989, na companhia do amigo Pierre Druilhe, cria a série “Les Pauvres types de l’espace”. A partir de final dos anos 80, multiplicou-se em experiências gráficas e narrativas, colaborando com inúmeras publicações independentes – como a Les Requins Marteaux e a Six pieds sur Terre, onde publica a série “Plageman” – e afirmando-se como um dos pilares das fanzines e um dos grandes nomes da banda desenhada francesa contemporânea. Colabora também, e de forma regular, com a imprensa, seja na revista Fluide Glacial ou em publicações generalistas como o jornal Libération, onde publicou uma tira diária sobre futebol em 2006.
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