É uma edição que nos chega com o selo da Nuvem de Tinta, numa bonita edição de capa dura. “Histórias de Meninas Aventureiras” (Nuvem de Tinta, 2018) reúne seis histórias clássicas, aqui recontadas por Julia Bruce, cada uma delas desenhada por uma diferente ilustradora.
Jacqueline Wilson, responsável pela introdução a este volume, diz ter desistido muito cedo do fascínio inicial pelas princesas: “Pareciam-me um bando de tontas, com toda aquela beleza”, incapazes de se salvarem sozinhas diante de bruxas más, madrastas malvadas ou maldições que envolviam fusos e maçãs envenenadas.
As histórias incluídas neste livro são, assim, sobre heroínas “destemidas e engenhosas”, que “enfrentam perigos e tragédias aterradoras”, recorrendo à criatividade, à audácia e ao engenho: Gretel, Tanasha, Tokoyo, Chandra, Menina do Mar e Gerda, vindas de diferentes partes do globo e com formas bem distintas na arte de contar histórias.
“Gretel e Hansel” apresenta-nos à inevitável madrasta má, que convence o totó do marido a abandonar os filhos na floresta invocando escassa comida. E, se primeiro as crianças conseguem contornar o destino deixando para trás um trilho de pedras, a sorte termina quando em vez destas têm de se virar para migalhas de pão, acabando por ir parar a uma casa feita de gengibre, bolo e maçapão. Só com muita lábia Gretel conseguirá passar a perna à bruxa, tendo como bónus a descoberta de um mais do que merecido pé-de-meia.
“Tanasha e o Troll” chega-nos do Zanzibar, com a clássica história das irmãs mais velhas que, para poderem ir curtir para a praia, têm de levar consigo a caçula Tanasha, que, já no regresso, decide voltar atrás para ir buscar um búzio, acabando por encontrar um troll que a leva consigo para actuar como sua cantora invisível, escondendo-a dentro de um tambor que toca com razoável mestria.
“Tokoyo e a Serpente Marinha” é um conto japonês, que nos apresenta a uma menina filha de um guerreio samurai, que vai crescendo a lutar com um punhal, a atirar flechas com um arco e a andar a cavalo e sonha em tornar-se, também ela, um samurai. Certo dia, o Imperador perde o juízo e expulsa o seu pai para as distantes ilhas de Oki, cabendo a Tokoyo resgatá-lo – não sem antes enfrentar uma lenda popular: numa gruta debaixo de água, vive uma serpente marinha, que provocará terríveis tempestades se a cada ano não for sacrificada uma jovem.
Da Índia temos “Chandra e os Elefantes”, uma história onde um Rajá obriga os agricultores de arroz a trabalhar que nem uns loucos, ficando-lhes depois com todo o espólio colhido – excepto a quantia necessária à sobrevivência. Será Chandra, com uma artimanha digna de um jogo de Xadrez, a desempenhar o papel de rebelde e repositora da justiça.
“A Menina do Mar e a Chave de Ouro” é uma história de origem chinesa, que nos transporta até ao sopé de uma montanha assolada por uma terrível seca, que deixou uma aldeia em maus lençóis. Para ajudar a família, a Manina do Mar vende vassouras feitas de bambu silvestre, mas descobre um lago que poderá bem ser a salvação de todos. O problema é que para fazer chegar a água a bom porto vai precisar de uma chave de ouro, que está com o Rei Dragão e vigiada por uma águia.
A terminar temos “A Rainha da Neve”, clássico de Hans Christian Andersen, onde um duende malvado lança uma maldição sobre um espelho, para que tudo o que nele se reflicta pareça horroroso e feio. Um dia o espelho parte-se, fazendo com que os estilhaços mais pequenos entrem nos corações e nos olhos das pessoas, que passam a sentir apenas tristeza e a ver apenas maldade.
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