No muito concorrido universo da literatura juvenil, uma das mais castiças séries que podem encontrar dá pelo nome de Hilda, servida em edições de capa dura, uma paginação irrepreensível – aquelas folhas amarelas pelo meio estão um mimo – e ilustrações magníficas – que podem ser vistas na série exibida pela Netflix -, a que nem a contenção no uso de cores retira a magia.
“Hilda e o Grande Desfile” (Porto Editora, 2019) é o segundo volume da série, mas antes deste há que ler primeiro “Hilda e as Pessoas Escondidas”, pois há uma série de acontecimentos que convém levar na bagagem de modo a saberem mais sobre esta exploradora, aventureira, coleccionadora de cadernos de desenho, ilustradora convicta e amiga de todas as criaturas do vale.
Hilda está desolada com o facto de ter deixado para trás uma vida no meio da natureza, vivendo agora numa casa nova em Trolberg, lugar onde criaturas mágicas nem vê-las, obrigada a frequentar uma escola onde é gozada diariamente pelos bullies de serviço, que se riem das suas histórias julgando tratar-se de bem desenhadas partidas da imaginação.
Estamos a três dias do Grande desfile, o acontecimento maior do calendário anual, onde a turma de Hilda irá decorar um dos carros alegóricos e realizar uma exposição sobre a Admirável Trolberg. Hilda fica no grupo de Frida e David, com a missão de fazerem um trabalho sobre as suas plantas.
Habituada a espécimes que não costumam estar nas prateleiras ou em vasos de floristas, Hilda torce o nariz a cardos-roxos e dentes-de-leão, saudosa de plantas carnívoras que arrotam depois de comerem escaravelhos ou gerânios giratórios da Montanha Bota, que dançam se cantarem para eles. Ainda assim, convence a dupla a ir até junto da antiga muralha localizada na base da Montanha Hór, onde se encontram as não tão comuns urtigas-azuis.
Nesta segunda aventura, que consegue ser ainda mais entusiasmante que a anterior, conheceremos o bully Trevor e o seu gangue, um corvo falante que perdeu a memória depois de ter levado com uma pedra, elfos selvagens pouco dados à papelada e aos formulários e uma draminhoca – uma criatura manifestamente anti-social, carnívora e chamejante. A boa notícia é que “Hilda e a Dimensão de Nenhures”, o terceiro volume da série, está quase aí.
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