Exploradora, aventureira, colecionadora de cadernos de desenho, ilustradora convicta, amiga de todas as criaturas do vale – mesmo que sejam gigantes de pedra que despertam com o pôr-do-sol e dão largas ao seu mau-feito. Seria mais ou menos assim que rezaria o cartão-de-visita da pequena Hilda, cujo primeiro livro chegou às livrarias com o título “Hilda e as Pessoas Escondidas” (Porto Editora, 2019). E que, diga-se, tem uma série muito bem desenhada a passar na Netflix, criada por Luke Pearson.
Nesta primeira aventura, Hilda, uma jovem rapariga de cabelo azul que põe a língua de fora quando desenha para se concentrar, penetra na floresta com Cristal, uma “renaposa”, levando consigo o livro “Grutas e os seus habitantes hostis”. A certa altura dão de caras com pedras que parecem ser trolls, e que segundo as lendas locais voltam à vida quando o sol se põe. “Especialistas na confecção de pratos cujo principal ingrediente são pessoas”, devem ser afastados com o recurso a um sino, cujo som é agonizante para estas criaturas.
Hilda não é, porém, rapariga para se deixar assustar facilmente, decidindo aproveitar a luz para desenhar estas criaturas fascinantes – que vai-se a ver apenas precisam de algum mimo para mudarem de regime alimentar.
A verdadeira história começa mais tarde, quando Hilda e a sua mãe, que vivem numa casa com cheiro a gengibre, noz-moscada e sementes de cominho, começam a receber, por baixo da porta, envelopes ameaçadores em nome “das pessoas escondidas dos condados dos elfos do norte”, que exigem que abandonem a sua casa. Perante a recusa destas e aproveitando a sua invisibilidade, desatam a destruir-lhes a casa, mas Alfur, um dos elfos mais dados ao pacifismo – “não sou um lutador, mas sim um escritor” -, permite a Hilda ver as criaturas invisíveis, mas só depois de assinar vários e microscópicos termos de responsabilidade.
Juntamente com Alfur, Hilda propõe-se visitar o governador, o primeiro-ministro e, se tiver de ser, o próprio rei, tentando parar este processo de despejo movido por estas pequenas criaturas, a quem propõe em troca ajudar a resolver o estranho mistério do gigante que só aparece à meia-noite. “Hilda e a Grande Parada”, a segunda aventura da menina do cabelo azul, está já disponível nas livrarias, em mais uma bonita edição de capa dura.
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