Tem o cabelo azul, mostra um ar decidido, adora aventuras, é amiga de todas as criaturas e, quando desenha num dos seus muitos cadernos, põe a língua de fora para se concentrar. É este o curto de retrato de Hilda, a jovem protagonista de uma das mais castiças séries do reino literário infanto-juvenil, a que a Netflix jogou a mão para produzir uma série bem animada (disponível também em Portugal).
“Hilda e a Dimensão de Nenhures” (Porto Editora, 2019) é o terceiro volumes das aventuras de Hilda, que logo de entrada nos serve um mantra para a vida: “As coisas traumáticas podem acontecer a qualquer momento. Não adianta ter medo”.
Estamos a seis meses de distância daquele momento em que, no calendário, Hilda foi obrigada a mudar-se para Trolberg, trocando a vida do campo pela da cidade. Seguindo a tradição familiar, Hilda ingressou nos Escoteiros, mas até ao momento não conseguiu qualquer emblema de mérito – mas promete a si própria não desistir dessa meta.
Em vésperas de acampamento, um Cão Negro é visto no porto da cidade, lançando o pânico generalizado, mas nem isso consegue demover Hilda, que neste volume irá conhecer mais uma deliciosa criatura: um Nisse, mais concretamente um chamado Tontu, um espírito das casas que, por ter feito tanta porcaria, deixou de ser invisível. Será ele a falar a Hilda da Dimensão de Nenhures, “a soma de todos os espaços não usados ou esquecidos”.
Mais um livro delicioso, com ilustrações que navegam exclusivamente em redor dos tons castanhos e amarelos, onde a altruísta Hilda irá enfrentar os espíritos dos pesadelos, aprender a andar de bicicleta, usar a sua boa conversa para refrear o ímpeto de um quase-gigante e perceber, afinal, o que é isso do Paradoxo de Ehrenfest.
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