Pé Ante Pé. É este o lema e o título da colecção lançada pela Asa que pretende, segundo a editora, proporcionar “o primeiro impulso para a grande viagem que a criança vai fazer, com a alegria da descoberta“. Cada um dos livros apresenta um “vocabulário controlado, simples“, bem como duas histórias que se querem motivadoras e que sirvam de mola para que os mais novos contraiam o bichinho da leitura.
“Gonçalo e a Bicharada… e outras histórias” (Asa, 2016), de António Torrado, segue o mesmo modelo dos anteriores livros da colecção, sendo que, para além das aventuras de Gonçalo, há também espaço para uma história intitulada “A moedinha”.
Em “Gonçalo e a Bicharada” acompanhamos o protagonista da história na sua primeira e deslumbrada visita ao jardim zoológico, onde “as zebras mostraram os dentes de riso, os leões rugiram um grande bocejo, as girafas esticaram ainda mais o pescoço, os macacos fingiram uma grande zaragata” e os tigres se espreguiçaram como se fossem um tapete não voador.
Deslumbrado com tanta diversidade e novidade, Gonçalo pede ao avô para levar um animal para casa, mas as negas são uma constante: os tigres nem sempre estão ensonados, os macacos são muito irrequietos, as girafas não iam poder sair da janela. Porém, quando o pequeno Gonçalo sugere um urso, o avô surpreende-o e, em três tempos, “um urso de pêlo castanho e fofo” aparece lá em casa, tornando-se na melhor companhia de Gonçalo que o leva animadamente para todo o lado.
Em “A minha moedinha”, o sortudo Rafael recebe uma moedinha do seu tio, mas o peso dos berlindes que guarda no bolso faz com que a moeda acabe por escorregar sorrateiramente pela perna abaixo, caindo no cano da bota de um par que logo acaba por ir parar à arrecadação, catalogado como um par de botas velhas num lugar onde “repousavam mil coisas sem préstimo“. Isto até serem dadas a alguém que lhes iria dar uso – e com um pé mais pequeno que o de Rafael.
Se, na primeira história, navegamos no território da ternura e da surpresa, na segunda fala-se dessa coisa do destino ou, como diz a sabedoria popular, daquilo que por ter de ser tem muita força. As ilustrações de Catarina Correia Marques acompanham o espírito de iniciação da leitura, onde os animais parecem de peluche, os objectos brilham e as pessoas têm um ar pachorrento e amigável. Duas histórias ideais para quem descobriu há pouco a magia da leitura e que poderão servir para plantar a semente desse incrível bicho que devora livros.
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