“Gannibal 1” (ler crítica) foi o primeiro lançamento da editora A Seita em 2024, um mangá seinen – título dado aos mangás dirigidos ao público adulto – assinado por Masaaki Ninomiya, com toques de policial, thriller e terror, passado numa terra de ninguém onde aparentemente há quem goste de comer carne humana.
No centro da trama está Daigo Agawawa, um polícia citadino de nomeada que se vê atirado para este fim de mundo chamado Kune, tudo para substituir um outro polícia que se terá suicidado. Com Daigo seguiram esposa e filha, esperando encontrar uma vida calma numa comunidade acolhedora, o que parece complicado quando é descoberto o corpo de uma velhota com umas estranhas marcas no braço, que parecem ter sido feitas por um humano.
Nesse volume de lançamento, os desafios colocados a Daigo tiveram o ar de uma montanha intransponível: enfrentar uma família poderosa, descobrir a quem pertence um dedo cortado que foi parar às mãos da filha, escapar a estranhos rituais e saber quem é o “Ele” a que toda a gente se refere em surdina – alguém que parece ter o poder da invisibilidade e a capacidade de obter de todos uma obediência profunda.
“Gannibal 2” (A Seita, 2024) sobe a fasquia, mostrando claramente que esta é uma série para ser mantida debaixo de olho, juntando ao sobrenatural um argumento com muito sumo. Neste segundo volume olhamos mais atentamente para a famíla Goto, espécie de Sopranos de Kune, que parece ter alguma gente boa – mesmo que Daigo tenha sérias dúvidas sobre isso, lidando com uma grave perda de memória após ter sofrido um golpe na cabeça. Lembra-se, ainda assim, de um “odor fétido”, que já tinha sentido antes.
Quem continua por perto é a filha do Sr. Kano – o polícia morto -, que pode ter a melhor pista até agora para averiguar o que terá realmente acontecido ao pai: o último número para o qual este ligou, mas que teima em não ser atendido. Há quem se chegue à frente como o assassino, mas Daigo está longe de dar o caso por encerrado.
Este segundo volume ganha asas com o regresso a um passado não muito longínquo, que nos permitirá conhecer mais a fundo a história e o trauma de Mashiro, a filha de Daigo, e também a carreira vertiginosa deste último, que tem adormecida dentro de si uma raiva imensa. As perguntas, essas, continuam a ser muitas: Quem é «ele»? Porquê todo este secretismo à volta dos Goto? Será que esta malta de Kune é de confiança?
O desenho de Masaaki Ninomiya continua a dar cartas, servindo grandes planos desenhados a traço grosso capazes de criar o sobressalto no leitor, que com este segundo volume ficará certamente de olho nos 11 que se seguem. Boa supresa.
Sem Comentários