Quem, como nós, começar o mangá Cagaster (ed. Asa) pelo segundo volume, não irá deparar-se com o habitual resumo e apresentação das personagens. Por isso, mesmo que ao longo do caminho ganhe embalagem e acabe por se juntar à frente do pelotão, o melhor será começar pelo número inicial da série.
Por esta altura, vários exterminadores foram assassinados, e Kidow, que aqui é qualquer coisa como o bom da fita, terá oportunidade de enfrentar o assassino em série que os matou, colocando-lhe esta pergunta profunda no cara-a-cara: “Tu desfazes os exterminadores por rancor pessoal ou apenas com perversão ninfomaníaca?”. A surpresa, porém, será grande quando a verdadeira identidade do assassino for revelada, o que fará com que Kidow e Ilie – jovem que morre de amores por Kidow e foi testemunha do combate – recebam convocatória para prestarem declarações em E-01, um vez que a história de Kidow pode “pôr em causa as próprias bases do conceito de cagaster”.
“O corpo dele tinha asas e patas de insecto. Contudo, não tinha perdido a razão e continuava capaz de falar, depois do pôr do sol”. A esta descrição, o professor Franz Chilio acrescenta que “a constituiçao deste sinsectos é muito robusta e bem-sucedida, para lhe chamarmos doença”, preferindo falar de “uma ramificação da evolução, escolhida pelos humanos”.
Estão à toa sem saber o que é um cagaster? Pois bem. No final do século XXI, uma estranha doença, baptizada «Cagaster», fez a sua aparição. Um em cada mil humanos é contaminado por este mal, que provocou a metamorfose dos infectados em monstruosos insectos antropófagos e levou à morte de dois terços da humanidade.
Numa questão de páginas, o leitor ver-se-á metido numa conspiração governamental de todo o tamanho, que inclui uma decisão ao lado do exército que levou ao sacrifício de um quarteirão inteiro e à morte de muita gente. Lyli ficou sem a mãe mas, apesar de odiar o exército, admira Qasim, um tipo numa jornada individual que se tenta redimir há cinco anos.
Kidow cresceu com Lazarus, o pai dos exterminadores, a quem chamavam «a muralha de Karakur». E que, entre outras coisas, ensinou ao discípulo a maior de todas as máximas: “Decapitar sem hesitação”. Exterminadores que, a certa altura, se chatearam com o exército, passando a trabalhar com os mercadores. Será mais à frente que iremos aprender como tratar dos cagasters que deixaram de ser humanos, um código de extermínio que fixará o limite entre exterminador e assassino, ou entre o insecto e o humano: “É preciso cerca de 20 minutos, uma vez o cagaster declarado, para que a metamorfose fique concluída. A questão é saber onde traçar o limite, durante este lapso de tempo…a partir do momento em que a presença de «asas», parte do corpo que não pode ser humana, pode ser constatada…Os direitos do homem deixarão de se aplicar e, legalmente, deixará de se tratar de um assassinato”. Amigos, amigos, asinhas à parte.
Kachou Hashimoto nasceu em Kanagawa, Japão, e manifestou desde cedo o desejo de vir a ser autora de mangá, tendo decidido profissionalizar-se neste meio ainda durante a escola secundária. Terminado o Secundário, inscreveu-se numa escola de desenho e, mais tarde, tornou-se assistente de Daisuke Higushi, autora da série de manga Whistle! Publicou o seu primeiro mangá em2000, utilizando então o seu nome real, Aiko Nagayama. Seguiram-se outras, que assinou com o nome real ou o pseudónimo Yasumi Nagayama. A série Cagaster foi publicada no seu site sob o pseudónimo Hashimoto Chicken, entre Abril de 2005 e Abril de 2013. Em 2015, deu início à publicação de Arbos Anima no Monthly Comic Ryu, adoptando igualmente o pseudónimo Kachou Hashimoto, cujos caracteres em japonês tanto significam «flor» como «pássaro».
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