É, de forma consensual, apontada como uma das grandes obras do universo da ficção científica. Baptizada a partir da leitura de “Declínio e Queda do Império Romano”, de Edward Gibbon, a série Fundação, assinada por Isaac Asimov, foi originalmente composta por um grupo de oito histórias que, entre Maio de 1942 e Janeiro de 1950, foram publicadas na revista “Astounding Magazine”. Em 1951, a editora Gnome juntou as quatro primeiras histórias com uma quinta inédita, formando o primeiro livro: “Fundação” (de que falámos aqui). As outras quatro histórias, depois de reescritas, tornaram-se os livros “Fundação e Império” e “Segunda Fundação”. Uma trilogia que levou para casa o prémio HUGO para melhor série de ficção científica e fantasia, corria então o ano de 1966, e que foi recentemente publicada pela Saída de Emergência, vinte e um anos após a sua publicação original pela Livros do Brasil – então na colecção Argonauta Gigante.
“Fundação e Império” (Saída de Emergência, 2019), o livro do meio, consegue ser ainda mais surpreendente do que “Fundação”, e mesmo aqueles que até ao dia de hoje têm torcido o nariz ao género deverão passar os olhos por aqui.
“Mundos isolados na sua barbárie recente de dois séculos sentiram mais uma vez a sensação de senhores feudais pisarem o seu solo. Foi jurada lealdade perante a artilharia maciça assestada sobre as cidades capitais.”
Uma verdade absoluta que, graças a Hari Seldon, não tem assolado a Fundação que, guiada pelo seu fundador e tirando partido de uma superioridade científica e tecnológica da qual não faz grande alarido, tem sobrevivido à ganância e à barbárie cada vez mais crescentes e desafiadoras dos planetas vizinhos.
O Império, porém, parece acreditar que é uma vez mais tempo de contrariar Seldon e a sua psico-história que, com o passar do tempo e o esquecimento, vai sendo vista entre a tradição, a fábula e um capítulo arrumado da História. Um general ambicioso está determinado a restaurar a glória do Império, mas o pior será mesmo o surgimento de uma criatura extraordinária, um mutante com um poder paranormal muito superior a qualquer outro, que consegue transformar qualquer humano num escravo sem qualquer poder de decisão. Com este cenário, estará certa a previsão de que será a Fundação a fundar o Segundo Império? E onde estará localizada a segunda Fundação criada, diz-se ao estilo de um mito espacial, por Hari Seldon?
Isaac Asimov tem uma capacidade tremenda para criar personagens fascinantes para, depois de uns inesperados saltos temporais, os fazer desaparecer do mapa, transformando-os em breves notas de rodapé. Porém, logo de seguida apresenta-nos a personagens ainda mais incríveis, tornando cada pedaço de história algo para ser gravado na pedra – ou na mais avançada tecnologia da Fundação. Uma série profética e visionária, que está entre o melhor que a ficção científica já nos ofereceu. “Segunda Fundação”, o terceiro – e final – livro, está já disponível nas livrarias.
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