É um daqueles pedidos clássicos que, a dado momento, qualquer criança atira para o ar a ver se pega: “Eu Quero um Cão” (Planeta Tangerina, 2023). No caso de Millie nem importa bem qual, desde que o possa levar para casa ou para o recreio, lugar onde (se) passeiam as suas colegas de colégio – o “chique e selecto Colégio das Três Coroas” – e os seus cães e cadelas de raças finas.
Há duas coisas, pelo menos, que Millie detesta: madrugar (quem nunca) e a escola (quem nunca outra vez). Na sua casa há cães por todo o lado, mas nenhum deles é mesmo a sério, ainda que possa levar o leitor ao engano. Há cães em molduras, em tapetes, cães-peluche e bastante desarrumação – nenhuma de causas caninas.
Primeiro, Millie começa por afagar o ego e sugerir um cão com perfil parental: forte e grande como o pai ou de pêlo comprido como a mãe. “Não”, vai repetindo a mãe sem ceder, mas isto é como diz a sabedoria popular: água mole em pedra dura…
Kitty Crowther alterna entre as páginas brancas, sempre com muita cor e agitação, com páginas laranjas fluorescentes, impressas num vistoso negro. Dominam os lápis de cor e a fluorescência laranja, numa história que nos mostra que a opinião dos outros não nos deve fazer esquecer o mais importante. Ou, ainda, sobre o saber cuidar, a diferença, o paradigma imposto do belo ou, quando o cenário finalmente se compõe, indicando o sítio certo para descobrir o novo melhor amigo. Muito bom (e divertido).
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