Até que ponto uma coisa nos pertence? Foi a partir deste grande questão existencial que Oliver Jeffers, um dos mais fantásticos autores/ilustradores da actualidade, escreveu e desenhou “Este Alce é Meu” (Orfeu Negro, 2021 – reedição), a história de uma amizade improvável entre um miúdo e um alce.
A verdade é que o pequeno Guilherme nem sempre teve um alce. Porém, a partir do momento em que deu de caras com um num dos seus passeios, soube logo que aquele alce ia ser seu. Colocou-lhe uma etiqueta com o nome de Marcel – achou que era um bom nome para um alce -, seguiu-o para todo o lado e ensinou-lhe todas as regras que um bom animal de estimação deve conhecer. Mas nem tudo é perfeito. Como se não bastasse a obstinação de Marcel em não ligar a algumas das regras, há mais alguém a reclamar o alce como seu…
Usando pinturas de fundo do pintor Alexander Dzigurski – majestosas paisagens de cortar a respiração -, Oliver Jeffers acrescenta-lhes as suas cativantes ilustrações, que atingem a perfeição aliando uma tremenda inventividade ao ar de traço inacabado com que alguns dos desenhos parecem impressos. Mais um livro soberbo saído da imaginação de Jeffers.
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