Anthony Browne é um autor e ilustrador inglês de livros infantis, que conta já com mais de 40 títulos editados, alguns deles em Portugal. Foi aluno do Leeds Art College, tendo-se licenciado em artes gráficas no ano de 1967. Entre os vários prémios conquistados, destacam-se a Kate Greenway Medal (em 1983 com “Gorilla” e, em 1992, com “Zoo”), ou o Kurt Maschler (em 1983 com “Gorilla”, em 1988 com “Alice`s Adventures in Wonderland” e, em 1998, com “Voices in the Park). O melhor ficou reservado para o ano 2000, quando recebeu o prestigiado prémio Hans Christian Andersen, uma espécie de Nobel da literatura infantil, tendo mais recentemente sido ilustrador residente da célebre galeria londrina Tate.
Lançado internacionalmente em 2017, “Escondidas” (Caminho, 2018) mergulha naquela que é uma das brincadeiras predilectas da pequenada, seja na rua, em casa ou, neste caso, numa floresta, por muitos perigos que esta possa esconder.
Poppy e Cy estão tristes com o desaparecimento do seu cão Goldie, e não parecem conseguir reunir um consenso sobre a brincadeira a que se devem dedicar para alegrar um pouco o dia. Depois de concordarem em discordar em relação a jogar às cartas ou a procurar monstros debaixo das camas, encontram no jogo das escondidas um desejo comum.
Ao contrário do habitual, Cy não se esconde num sítio fácil de encontrar. E, se no início exulta com o esconderijo, aos poucos vai sentido frio, fome, uma vontade enorme em ir à casa-de-banho e, também, medo. Um sentimento que rebenta no momento em que, já na companhia de Poppy, ouve um barulho que deixa ambos com pele de galinha.
As ilustrações de Browne, muitas delas com ar de quadros de museu, misturam o apetite pelo terror, o traço caricaturista e um piscar de olho ao surrealismo. Quanto ao leitor, ao mesmo tempo que acompanha o jogo das escondidas entre as personagens, é convidado a entrar na brincadeira para um outro jogo de descoberta: entre troncos e plantas, irá ver coisas estranhas e bem escondidas como a tromba de um elefante, um crocodilo ou até mesmo um trompete. Tudo para nos dizer que o medo, para além de nos fazer crescer, também leva à descoberta de coisas inesperadas.
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