Está à beira de ataque de nervos com a birra do seu filho e não sabe como agir? Será castigar é melhor do que gritar? Ou uma palmada é uma boa solução? Deve-se ignorar a birra ou recompensar um bom comportamento? Quantas vezes estas e outras questões lhe surgiram? Se estas dúvidas lhe são familiares, deverá ler “Educar pela Positiva: um guia para pais e educadores” (Bertrand Editora, 2019), onde o autor, Nuno Pinto Martins, nos apresenta uma abordagem sobre como pensar e agir na arte de educar.
Em educação não há manual de instruções: cada criança é única, cada família e situação apresenta as suas idiossincrasias e peculiaridades. O guia é inspirado na metodologia da Disciplina Positiva, que nasce na década de 1970, nos Estados Unidos, fruto da investigação de Jane Nelsen e Lynn Lott, e fundamentada nas teorias de Adler e Dreikurs, transmitindo a ideia que nós, educadores, devemos de agir com as crianças simultaneamente com determinação e carinho.
Ao longo de dez capítulos e numa linguagem simples, somos convidados a exercitar novos modos de agir, a realizar actividades, a usar QR codes para descarregar material exemplificativo ou, simplesmente, a reflectir sobre dicas para deixar de gritar, ensinar as crianças a partilhar ou conhecer novas estratégias para convencer os mais jovens de que a sopa é uma delicia – ou ainda dicas para afastá-los do tablet.
O prefácio termina com uma citação de Wayne Dyer – “Se mudar a forma como vê as coisas, as coisas para as quais olha mudam”-, que associa a melhoria do processo educativo à mudança: em vez do castigo, o foco deverá ser a solução para que certos comportamentos não se voltem a repetir. Evitar o castigo e ser capaz de antecipar é um conselho precioso. O castigo “é aquela ferramenta que temos sempre à mão e que usamos quando não temos argumentos. Ou quando os que temos não resultam”. O castigo não resolve os problemas, antes amedronta, paralisa uma acção. O importante é ser capaz de antecipar, “uma das ferramentas mais efectivas na educação”. Na Educação Positiva, obrigar e castigar perdem sentido, sendo substituídos por colaboração e negociação. Dizer não! é preciso, mas devemos pronunciá-lo sem autoritarismos, ajudando a estabelecer e a reconhecer os limites. É preciso dizer não e apresentar as razões: “a forma como dizemos é, muitas vezes, mais importante do que aquilo que dizemos”.
Numa linguagem simples, “Educar pela Positiva” aborda o funcionamento do cérebro em vivências conflituosas, e como romper com o ciclo dos conflitos em poucos passos. Tempo. Amar. Compreender. Dialogar. Cuidar. Ensaiar como se faz. O importante é compreender as razões de um comportamento inadequado. É este o primeiro passo para que se possam educar crianças autónomas, responsáveis, cooperantes, capazes de gerirem as suas emoções. A Educação Positiva ensina o valor da partilha, da gratidão, da curiosidade, do afecto e da tranquilidade.
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