André Domingues já marcou o mundo da literatura com as suas obras. Conquistou o primeiro prémio de poesia da AEFLUP, recebeu uma menção honrosa na FLIP de literatura e foi vencedor do prémio Novos Talentos Fnac de Literatura em 2011.
Aos dois trabalhos que marcam o seu percurso, “Extremidade do Mundo” e “Sine Die”, junta-se agora “Dramas de Companhia” (Companhia das Ilhas, 2016), uma prosa poética, marcante e profunda, sobre o sentido da vida.
“A casa está cheia de fantasmas. (…). O que talvez eles ainda não suspeitem é que eu os posso ver perfeitamente a passear a sua magnífica ausência (…) atravessando paredes, flutuando no vazio (…). Todos os dias entram pela minha porta dentro desconhecidos, acompanhados pelo responsável de uma imobiliária (…). Se desconsiderasse a sua falta de cortesia, diria que nunca se apercebem de mim.”
“Dramas de Companhia” é um conjunto de 59 textos curtos, divididos em 3 capítulos – Insuficiências Reais, Role-Playing e Vidas Breves -, que apresenta um conjunto de crónicas introspectivas que fazem uma exposição de diferentes perspectivas sobre a dor psicológica.
O sentimento de melancolia e a falta de lugar no mundo são recorrentes ao longo de todas as crónicas, levando o leitor a experienciar o sofrimento de uma pessoa depressiva – algo que, nos tempos modernos, é cada vez mais recorrente, se não em primeira pessoa, certamente com um conhecido.
São histórias fortes, complexas e densas, que forçam o leitor a fazer uma comparação acerca daquilo que considera infelicidade com o sofrimento de alguém com tendências suicidas, que não encontra qualquer simbologia positiva em nada que o rodeia, levando a uma melhor percepção do inimaginável que ocorre na cabeça de um suicida: “É preciso pensar: abrir a janela. É preciso pensar: debruçar da janela. É preciso pensar: atirar-me da janela.”
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