“Descansa, Miyuki” (Orfeu Negro, 2022), o terceiro álbum da série Miyuki, volta a encantar-nos, quer pela poesia do texto, quer pelas ilustrações de inspiração japonesa: padrões, flores, dragões, quimono e outras vestes, alimentação e o cisne de origami, assim como os tons vermelhos, verdes e amarelos. Estamos perante uma verdadeira ode à elegância e à beleza – das pequenas coisas e dos gestos mais simples.
“Chuva de ouro sobre as colinas de prata, o dia oferecia um último sorriso antes de dar lugar à noite. As formigas acabavam de arrumar as provisões, o rouxinol preparava o seu ninho e o sapo saltava para dentro do balde. O sol escondia-se devagar, contemplando a lua a levantar-se. O sino dobrava, anunciando a hora de descanso”. Onde estaria Miyuki? Enquanto todos se preparavam para descansar, Miyuki quer esticar o tempo e continuar as múltiplas tarefas que tem ainda por terminar. “Descansa! Está na hora de descansar”, repetia calmamente o avô. No entanto, a chegada da rainha das libelinhas obriga a uma preparação cuidada e atenta, pois trata-se de um acontecimento importante. A horta por regar, o gato por aconchegar e a reunião com família de caracóis estão por concretizar. O final do dia é agitado, mas nele há uma beleza infinita.
A tranquilidade do avô contrasta com a agitação de Miyuki mas, pacientemente, o avô vai enumerando as tarefas já realizadas, recordando que a hora de descansar chegou. Será que chegou a hora de descansar ou haverá mais alguma tarefa por fazer? Por que será o descanso tão importante?
Roxane Marie Galliez escreve livros para a infância, é jornalista e investigadora de História das Civilizações. Colabora com museus, bibliotecas e teatros.
Seng Soun Ratanavanh estudou na Escola Nacional Superior de Belas Artes de paris. Inspira-se na arte e cultura do Japão para ilustrar e pintar.
1 Commentário
Avô e neta.
Uma narrativa transparente. Vou ler.