Até Nezuko entrar em cena, parecia não existir dúvidas em relação à missão a que se entregavam todos os Demon Slayer: caçar e destruir demónios. Para quem só agora se vê apresentado a Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba no original -, mangá escrito e ilustrado por Koyoharu Gotouge, a história vai mais ou menos assim até este “O Julgamento dos Hashira” (Devir, 2022), o sexto volume da colecção: um dia, ao regressar a casa, o jovem Kamado Tanjirou encontra toda a sua família morta, e a irmã Nezuko transformada num demónio. Decidido a encontrar uma cura que reverta a transformação, partem ambos em viagem. Seguindo o conselho do jovem Giyu, um guerreiro do exército, Tanjirou alista-se na “Kisatsutai”, onde irá treinar com o Mestre Urokodaki. Desde o tempo em que se formou, Tanjirou cuzou-se já com Kibutsuji Muzan, o demónio responsável pela transformação de Nezuko que vive mascarado como humano; conheceu também Madame Tamayo e Yushirou, dois demónios que procuram também descobrir uma forma de derrotar Kibutsuji; e, de momento, viu-se encurralado na mais recente missão, que partilhou com Hashibira Inosuke, que anda sempre com a cara coberta com uma cabeça de javali, e Agatsuma Zenitsu, que aparente ser um cobarde de primeira mas que, swpoia de uma noite em descansada, revela uma força extraordinária.
A acção de “O Julgamento dos Hashira” começa com Tanjirou enfaixado, sentindo-se uma autêntica múmia, enquanto o Kakushi, um esquadrão com ar de limpeza ao domicílio feito por ninjas, trata de limpar o terreno e de cuidar dos feridos após a luta da Kisatsutai com os demónios. Da Kisatsutai fazem parte os Hashira, os nove guerreiros com a posição mais alta na hierarquia da Kisatsutai, que parecem ter nas mãos o destino de Tanjirou e Nasuko. Após um grande jogo de cintura, a que se junta uma intervenção de proporções divinas, os irmãos irão lutar fazendo parte da Kisatsutai, onde irão provar a sua posição e derrotar um dos doze demónios da lua.
A acção deste volume decorre maioritariamente na Mansão Borboleta, pertencente à senhora Kochu, que servirá de centro de recuperação para um estranho grupo com todo o tipo de maleitas: Tanjirou, cortes múltiplos e queimaduras nos braços e pernas. Tem fracturas em todo o seu corpo, uma contusão no mseu maxilar inferior e vários músculos distendidos; Zenitsu, severamente ferido. O veneno deixou o seu braço e perna direita entorpecidos. E o seu braço esquerdo com tremores; Inosuke, com lesões graves na laringe e cordas vocais; e Nezuko, com… falta de sono.
Zenitsu é de todos o mais entusiasmado, com a perspectiva de poder tocar em raparigas durante o treino, mas a falta de jeito e de forma fará com que perca desde logo a motivação. O único que parece querer enfrentar um rígio plano de treino é Tanjirou, que para conseguir derrotar Kanao, a mais esquiva das raparigas, terá de aprender a técnica da concentração total da respiração.
No lado negro, Kibutsuji Muzan, que consegue ler a mente de todos aqueles com quem partilhou o seu sange – Nezuko está entre esse lote -, vai construindo o seu próprio exército, e intensifica as suas buscas por Tanjirou na companhia dos doze demónios da lua, divididos entre os Kagen, que têm o seu número escrito somente num dos olhos, e os Jougen, que se consideram os maiores – e são mesmo. Pelo caminho, vamos descobrindo alguns mexericos e curiosidades Taishou, como o facto de o cabelo da Mitsuri ter mudado de cor por ter comido demasiados moshis de Sakura – bolinhos japoneses feitos de mochi (arroz moído em pasta) e Anko (pasta de feijão vermelho), enrolados com uma folha de sakura (cerejeira) levemente salgada.
Um arejado e divertido mangá – as páginas são menos preenchidas, quase seguindo a arrumação dos comics -, feito de fantasia, aventura e artes marciais, que nos transporta até ao Japão da era Taishou, período compreendido entre os anos de 1912 e 1926.
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