É o mais recente mangá a ser publicado pela Devir, que nos transporta até ao Japão da era Taishou, período compreendido entre os anos de 1912 e 1926. No centro de Demon Slayer e de “Crueldade” (Devir, 2021), título do primeiro volume recentemente publicado, está Tanjirou, um daqueles rapazes que os antigos descreveriam como “uma paz de alma”, alguém capaz de tomar conta da sua numerosa família apesar de uma juventude ainda por cumprir.
Nezuko, a sua irmã um pouco mais nova, é mestre em tiradas existencialistas, falando da vida como sendo feita de altos e baixos, e de como esta pode mudar repentinamente, tal como o tempo – ainda que não neve eternamente ou existam dias inteiros de sol.
Para que não falte comida em casa, Taishou enfrenta a tempestade e desce da montanha à cidade, acabando por nela permanecer seguindo um sábio conselho: “A noite pertence aos demónios”. Demónios esses que comem humanos e lhes chamam um figo. Ao regressar a casa no dia seguinte, encontra um cenário devastador: toda a sua família foi devorada por um demónio. A única sobrevivente, Nezuko, transformou-se num dos monstros. E quando Akimesatu, um aniquilador de demónios, entra em cena, Taishou pede-lhe para poupar a vida da irmã, certo de que irá descobrir uma cura para a transformação, bem como destruir o demónio que arruinou a sua vida.
Taishou desempenha o papel de herói improvável, alguém que, pela sua empatia e generosidade, não se considera capaz de tomar boas decisões, muito menos de se tornar um aniquilador de demónios, capaz de se juntar aos Kisatsutai, um exército com largos anos de existência. O seu excelente olfacto, porém, confere-lhe o estatuto de quase super-herói. Nezuko, que passa a não ter grande simpatia pela luz do sol, adquire o poder de aumentar e diminuir de tamanho. Quanto aos demónios, possuem uma constituição física fora do normal, e têm a habilidade de curar-se, conseguindo modificar o corpo. Apenas a luz do sol ou uma katana especial os pode matar.
Demon Slayer é um novo e arejado mangá – as páginas são menos preenchidas, quase seguindo a arrumação dos comics -, feito de fantasia, aventura e artes marciais, que parte de um negro epitáfio para o tentar desmontar: “Quando a felicidade é quebrada, deixa sempre o cheiro a sangue”. Parece que temos um novo mangá para seguir de perto.
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