Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre os livros
“Persuasão” | Jane Austen
Na alta sociedade de Bath do início do século XIX, Anne Elliot, então com dezanove anos, é persuadida a romper o noivado com o oficial da marinha Frederick Wentworth, um jovem valoroso, mas sem estatuto nem fortuna, por quem estava apaixonada. Oito anos depois, um reencontro inesperado desperta em ambos sentimentos fortes e contraditórios, impossíveis de conter.
Publicado em 1817, seis meses após a morte de Jane Austen, Persuasão distingue-se como um romance de maturidade, subtil e perspicaz, onde as mulheres têm uma força interior singular e partilham com os homens o mesmo sentido de justiça e moralidade.
Uma sátira brilhante à vaidade e ao pretensiosismo que espartilhavam as relações da época, mas que não deixa, em nenhum momento, de ser uma história de amor apaixonante.
«Ofereço-me a ti mais uma vez, com um coração que ainda é mais teu do que quando quase o partiste, há oito anos e meio.»
Tradução de Alda Rodrigues, Introdução de Dulce Maria Cardoso
“Toda Uma Literatura” | Fernando Pessoa
Toda uma literatura explora a compreensão da génese de Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro radicando-a numa profunda intencionalidade.
Uma exposição da heteronímia, dos poemas à prosa, que revela um poeta ocupado com a criação de um mundo, preocupado com a construção de um programa estético, debruçado sobre o sentido da própria poesia.
Este é um trabalho desassombrado e fecundo que resgata a heteronímia pessoana aos lugares-comuns e lhe devolve a sua fenomenologia, o seu verdadeiro caráter programático, e o enquadra no projeto poético que sempre foi e para o qual Fernando Pessoa tudo fez concorrer.
Introdução, selecção, organização e notas de Nuno Amado
Sobre os autores
Jane Austen nasceu em Steventon, Inglaterra, a 16 de Dezembro de 1775, a sétima de oito filhos do pároco local, George Austen, e de Cassandra (Leigh) Austen.
Com acesso livre à biblioteca do pai, cedo começou a dedicar-se à escrita. Em 1811, Austen publicou “Sensibilidade e Bom Senso” e, em 1813, “Orgulho e Preconceito”, uma revisão do seu segundo romance. Nenhum dos dois textos, hoje clássicos da literatura mundial, foi impresso com o seu nome, o mesmo tendo acontecido aos restantes títulos que publicou em vida, “Mansfield Park”, em 1814, e “Emma”, em 1816. Nesse mesmo ano, começou a manifestar-se a doença de que morreria em 1817.
Numa corrida contra o tempo, Austen escreveu “Persuasão”, que viria a ser publicado postumamente, em 1818, junto com “Northanger Abbeye” com uma nota biográfica do seu irmão, Henry Austen, que, pela primeira vez, identificava Jane como autora.
O seu inconformismo social e sentido crítico, expostos com subtil ironia e elegância, bem como a criatividade dos seus enredos e a envolvente construção psicológica dos seus protagonistas são alguns dos elementos mais marcantes de uma obra intemporal, que é, ainda hoje, lida e estudada em todas as línguas.
As inúmeras e contínuas adaptações dos seus romances ao cinema e ao teatro são reflexo da genialidade de Jane Austen, uma das maiores escritoras do século XIX.
Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa literatura, conhecido mundialmente. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século xx. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Fernando Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares.
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Fernando Pessoa nasceu em Lisboa em 1888 (onde virá a falecer) e aos 7 anos partiu para a África do Sul com a sua mãe e o padrasto, que foi cônsul em Durban. Aqui fez os estudos secundários, obtendo resultados brilhantes. Em fins de 1903 faz o exame de admissão à Universidade do Cabo. Com esta idade (15 anos) é já surpreendente a variedade das suas leituras literárias e filosóficas. Em 1905 regressa definitivamente a Portugal; no ano seguinte matricula-se, em Lisboa, no Curso Superior de Letras, mas abandona-o em 1907. Decide depois trabalhar como «correspondente estrangeiro». Em 1912 estreia-se na revista A Águia com artigos de natureza ensaística. 1914 é o ano da criação dos três conhecidos heterónimos e em 1915 lança, com Mário de Sá-Carneiro, José de Almada Negreiros e outros, a revista Orpheu, que dá origem ao Modernismo. Entre a fundação de algumas revistas, a colaboração poética noutras, a publicação de alguns opúsculos e o discreto convívio com amigos, divide-se a vida pública e literária deste poeta.
Pessoa marcou profundamente o movimento modernista português, quer pela produção teórica em torno do sensacionismo, quer pelo arrojo vanguardista de algumas das suas poesias, quer ainda pela animação que imprimiu à revista Orpheu (1915). No entanto, quase toda a sua vida decorreu no anonimato. Quando morreu, em 1935, publicara apenas um livro em português, “Mensagem” (no qual exprime poeticamente a sua visão mítica e nacionalista de Portugal), e deixou a sua famosa arca recheada de milhares de textos inéditos.
Editora: Penguin Clássicos
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