Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre o livro
A vasta obra poética de João Rasteiro encontra neste volume um esplendor límpido que a denuncia acima de qualquer discrição possível. Se por tanto tempo se teve como poeta na periferia, disperso por volumes de um sem-número de chancelas, constantemente esgotado e inacessível, é agora intenção criar nestas páginas uma afirmação estável e inequívoca da importância do seu imaginário na poesia recente portuguesa.
São inúmeros seus belíssimos versos, onde o sujeito poético me soa a litúrgico, solene em sua condição mortal perfeitamente assumida. Comove-me o jeito que tem de impedir qualquer sobranceria. O seu tremendismo é todo no reconhecimento dos outros, e da natureza, desde logo pela ânsia de haver um Deus que se responsabilize no diálogo absoluto. Comove-me que busque as coisas comuns, que não são pequenas, como o amor ou a amizade, a memória dos que morreram, a glória última de ainda matar a sede, persistir, sobreviver. Abre o livro dizendo que “a secura tem os teus olhos a fazer de sol”. É o que sinto na sua poesia. Por maior tormento, por maior perturbação ou linear tristeza, tenho os seus versos a fazer de sol. Esta é uma poesia dirigida à luz, que sabe da luz, encontra-a. Não nos apouca ou impede. Muito ao contrário, intensifica-nos, deita-nos em movimento.
Valter Hugo Mãe
Sobre o autor
João Rasteiro (Ameal – Coimbra, 1965), poeta e ensaísta. Licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Universidade de Coimbra, integra actualmente a Direcção do P.E.N. Clube Português. Integra ainda os Conselhos Editorias das Revistas DEVIR – Revista Ibero-americana de Cultura e Folhas – Letras & Outros ofícios.
Publicou em diversas revistas e antologias em Portugal, Brasil, Itália, França, Espanha, Finlândia, República Checa, Hungria, Moçambique, México, USA, Colômbia, Nicarágua e Chile, possuindo poemas traduzidos para o espanhol, italiano, catalão, inglês, francês, checo, japonês, finlandês, húngaro e occitano.
Obteve vários prémios, mormente a “Segnalazione di Merito” Premio Publio Virgilio Marone, Itália, 2003 e o Prémio Literário Manuel António Pina, 2010. Foi um dos 20 finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura (Poesia), 2012.
Livros: A Respiração das Vértebras, 2001; No Centro do Arco, 2003; Os Cílios Maternos, 2005; O Búzio de Istambul, 2008; Pedro e Inês ou As madrugadas esculpidas, 2009; Diacrítico, 2010; A Divina Pestilência, 2011; Elegias, 2011; Tríptico da Súplica (Brasil), 2011; Pequeña Retrospectiva de la Puesta en Escena (Espanha, bilingue), 2014; Salamanca o la Memoria del Minotauro (bilingue, 2014); Solstício de Dezembro (Ed. restrita de autor, 2014); acrónimo, 2015; Ruídos e Motins, 2016; O gosto solitário do orvalho, 2016; a plaquete, “Natal de quê? De quem?”, 2016, 2017, 2018, 2019; A Rose is a Rose is a Rose et Coetera, 2017 (2º ed. 2018); Eu cantarei um dia da tristeza (e-manuscrito, 2017); Poemas en Punto de Hueso: 2001-2017 (Espanha, bilingue, 2017; 2º ed. 2019), Levedura, 2019 e Governadores de Orvalho (contos), 2020.
Em 2009 integrou o livro “O que é a poesia?” (Brasil), organizado pelo poeta Edson Cruz.
Em 2012, 2017 e 2018 integrou, respectivamente, as antologias, “Corté la naranja en dos”, (poesia portuguesa contemporânea, México, Ediciones Libera – compilação e tradução de Fernando Reyes da Universidade Nacional Autónoma do México), “Voces de Portugal. Once poetas de hoy” (Colección Series Mino, 2017 – tradução e coordenação de Pedro Sánchez Sanz) e, a antologia sobre a literatura portuguesa, em número especial organizada e editada pela revista Luvina, revista literária da universidade de Guadalajara, México, no âmbito da Feira do livro de Guadalajara em que Portugal foi o país convidado.
Em 2009 e 2018 organizou antologias dedicadas à poesia portuguesa contemporânea, respectivamente: “Poesia Portuguesa Hoje” (Arquitrave, Colômbia) e “Aquí, en Esta Babilonia” (Amargord, Espanha).
Integrou, desde a sua fundação, o “Cabo Mondego Section of the Portuguese Surrealism”.
Tem participado em diversos festivais literários (essencialmente de poesia), tanto em Portugal, como no estrangeiro, bem como na realização de Oficinas de Escrita Criativa, nomeadamente com os mais novos, em diversas escolas do país.
Em 2017, o grupo ‘Os Controversos’ (com encenação e adaptação dramatúrgica de Ricardo Kalash) levou à cena a peça ‘A rose is a rose’, a partir do livro “A rose is a rose is a rose et coetera” (Edições Sem Nome, 2017).
Tem participação diversa (letras), em vários CDs de Fado (Canção) de Coimbra.
Vive e trabalha em Coimbra (Casa da Escrita / Município de Coimbra).
Graça Capinha (FLUC/U.C.), afirma que a poesia de João Rasteiro: “é uma poesia do corpo, físico e essencialmente do corpo da linguagem, com influências que vão desde Herberto Helder a Gertrude Stein”.
Editora: Porto Editora
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