Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre os livros
«(…) Neste livro emocionamo-nos com a dimensão do amor pelo Filho, de José, que o abre, ao de Maria, que o encerra. Um amor cheio de matizes, humano e divino, terreno e reverente, maior do que as palavras. São vários os personagens que nos vão dando novas leituras e abordagens de Cristo. Na sua maioria, à parte Maria e José, não se trata de personagens principais ou as mais óbvias, mas as que figuraram em segundo plano e que aqui adquirem centralidade e voz própria. (…) A dúvida e a divisão entre o dever de cuidar da casa e da família e entre tudo deixar para segui-Lo que angustiou o jovem herdeiro que não acedeu, de imediato, ao repto: “Vem e Segue-Me», e que depois é reconciliada com a certeza de que «não há nada de mal na posse, quando ela respeita a Lei – embora, mesmo assim, os bens jamais saciem a nossa sede de infinito.” O Mário foi um homem da sua casa, da sua família. Foi da Razão e da Filosofia, como foi da Arte, da Ética e da Estética. E foi também da Fé. Principalmente da Fé. Assim mesmo: sem contradições, por inteiro. Como o jovem herdeiro desde muito cedo que intuiu “que nada de apenas humano me alimentaria a vida”. Teve sempre sede de Infinito. Que possamos também vislumbrá-la e partilhá-la, essa sede de Infinito que nos inquieta, no banquete que é a obra A Ceia Grande.»
Sandra Garcia
«Eudemim é um livro polifónico e complexo, ao longo do qual acompanhamos o percurso de um homem desde o dia em que celebra o seu trigésimo aniversário até depois da sua morte, através de inúmeras vozes (incluindo a dele próprio), que nos narram as suas origens e descendência, as suas dores e fragilidades, os seus sonhos e conquistas. Bastaria isso para vislumbrar nele um projecto de escrita ambicioso. Acresce ainda ao complexo fio que urde a acção principal vários outros factores que contribuem para a opulência de uma narrativa em que a literatura se alia à pintura, à arquitectura e à filosofia para se mostrar como espaço inclusivo de saberes e sensibilidades. […] No plano geográfico, o arquipélago é o espelho territorial da temática abordada no romance. A ilha espelha o isolamento, e a condição arquipelágica reitera a unidade na multiplicidade, não só por via da proximidade insular, mas pelo tipo de nuvens que povoam o céu açoriano: “Os céus das ilhas são com a maior frequência repletos de nuvens em diversas cores e gradações, o que dá a ideia de espaço ainda maior e desdobrado até ao Eterno.” […] Na esteira do pensamento contemporâneo que aborda o tema complexo da identidade sob a perspectiva dinâmica de um conhecimento que se vai construindo com o tempo, influenciado pelas experiências e as relações interpessoais, recusando o carácter estático e unívoco que, no passado a prendeu a estereótipos, e de um tema (o Duplo) com profundas raízes na tradução literária ocidental (pense-se, por exemplo em Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, ou de Orlando, de Virginia Woolf, para só citar dois exemplos) Eudemim convida à visão do Eu como o Outro-Dentro-de-Mim: não um monstro ou uma ameaça, mas uma oportunidade de recomeços infinitos. Em número plural e em nome do pluralismo se tece este romance, que é reflexão filosófica, partilha artística e manifesto a favor da diferença como a face mais promissora do Eu futuro.»
Leonor Sampaio da Silva
Sobre o autor
Mário T Cabral nasceu na Ilha Terceira em 1963, viveu em Lisboa e no Faial e regressou à freguesia natal, São Mateus da Calheta, para morar e trabalhar até ao fim da vida na casa de família, que transformou, diversas vezes, em cenário para a sua literatura: a Casa das Tramóias.
Aluno e professor brilhante, leccionou filosofia e psicologia no ensino secundário e, mais tarde, filosofia para crianças. Doutorou-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com uma tese em Agostinho da Silva, Teixeira de Pascoaes e Delfim Santos, onde faz a síntese do seu pensamento em teologia, filosofia e literatura: Via Sapientiae – Da Filosofia à Santidade, publicada pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Publicou também “O Meu Livro das Receitas” (Pedra Formosa), “O Livro das Configurações” (Campo das Letras), “O Acidente” (Campo das Letras, Prémio John dos Passos 2007), “Tratados” (Companhia das Ilhas) e “O Mistério da Casa Indeterminada” (Companhia das Ilhas).
As boas maneiras podiam contar tanto para a nota de um seu aluno como o resultado de um teste escrito, dessintonizou um canal de televisão no dia em que estreou o primeiro dos reality shows e foi o primeiro director do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo. Pintou, cuidou do seu jardim, colaborou regularmente com a imprensa e deixou vasta obra inédita que a Companhia das Ilhas traz a público.
Editora: Companhia das Ilhas
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