Patricia Morais é uma escritora portuguesa, cidadã do mundo, que se formou em tradução na London Metropolitan University. Decidiu depois viajar de mala às costas, primeiro pela América do Sul e, mais tarde, pela China, onde durante um ano estudou Kung Fu, uma experiência que resultou no livro ”Crónicas de Shaolin”(coolbooks, 2019).
A obra testemunha, quase como se de um diário se tratasse, o corajoso acto de iniciar uma formação física e espiritual num país totalmente diferente, com uma língua que não dominava (nem domina).
Patrícia Morais aborda detalhadamente os pontos mais e menos positivos desta demorada viagem, que é também uma demanda interior. A forma de lidar, numa academia multinacional – constituída por pessoas de várias nacionalidades e com personalidades muito distintas entre si -, com a solidão e a ausência dos entes queridos, parece ter tornado a autora mais forte. Conta, também, como se apaixonou por um francês da Academia (Théo) e os conflitos que marcaram esta relação, numa altura em que assumidamente se encontrava mais sensível e vulnerável, ao ponto de sentir que perdia o seu amor-próprio e o auto apreço. A sua sinceridade surpreende, tornando-se uma mais –valia para a leitura.
O livro fala profusa e detalhadamente das técnicas e procedimentos em Kung Fu e na extrema exigência dos professores, com descrições sobre exercícios-tipo que permitem ao leitor mergulhar na mais antiga das artes marciais.
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