É o quinto livro da série Criminal, que reúne material originalmente publicado sob a forma de revista como Cruel Summer (Criminal #1 e #5-12). Assinado pela dupla Ed Brubaker (texto) e Sean Philips (arte), vencedores do prémio Eisner para Melhor Novela Gráfica em 2019, “Um Verão Cruel” (G. Floy, 2021) é o livro maior desta série, habitada por crime, drogas, sexo e todos os clichés do género noir que, pela mão de nomes maiores como Raymond Chandler, acabou por entrar na primeira liga da Literatura.
Estamos no ano de 1998. Teeg Lawless, alguém que conhecemos de gingeira dos anteriores volumes, prepara aquele que será o seu maior golpe, isto depois de mais uma prolongada estadia na choldra. Com o que Teeg não contava era com a azelhice do seu filho Rick e do amigo Leo, que decidem assaltar um antigo lutador de wrestling, conhecido como “Mack, o Monstro”. Um crime precoce que fará com que Teeg tenha de prestar contas a Sebastian Hyde, agora o rei do pedaço, que exige o pagamento de 35000 dólares em duas semanas para dar o assunto por esquecido.
Brubaker cozinha o argumento de forma ardilosa, e nem um spoiler de todo o tamanho impede esta tragédia maior, na qual Teeg se encontra muito bem acompanhado num livro que cumpre exemplarmente cada uma das obsessões de Criminal: maldições familiares passadas como um testemunho olímpico, abusos vários, dependências e violência a rodos.
Temos o detective Dan Farraday, um ex-soldado e ex-polícia que “odiava os chefes, odiava os políticos, odiava as modas”, contratado por um ricaço para encontrar uma mulher que o tramou e bem, sacando-lhe pelo caminho uma quantia considerável; Jane – ou Marina -, que “gastava dinheiro como se lhe pesasse nos bolsos”, adepta de golpes grandes que possam alimentar uma vida de luxos durante uma pequena eternidade; e, claro, Rick Lawless, de uma geração mais jovem, que aqui se vê transformado em protagonista maior.
Destaque para o jogo de cores fabuloso, que conta com o dedo de Val Staples, que se move entre o preto e branco e as cores vivas mas sempre difusas, como se as imagens fossem constantemente atravessadas pelo fumo de um cigarro sem filtro. Para o final fica guardado um belo posfácio assinado por Ed Brubaker, bem como as capas da série original que compõem “Verão Cruel”, algumas ilustrações seleccionadas para as páginas finais e cenas de bastidores que mostram como são feitas as capas. No que aos Comics diz respeito, o Crime definitivamente compensa.
Ed Brubaker venceu cinco vezes os prémios Eisner e Harvey para Melhor Escritor. O seu trabalho com Sean Phillips em Sleeper, Criminal, Fatale, Incognito, Kill or Be Killed e The Fade Out: Crepúsculo em Hollywood (que venceu um Galardão BD do Comic Con Portugal) foi traduzido em todo o mundo, com grande sucesso crítico e comercial. Vive atualmente em Los Angeles com a sua mulher, onde trabalha em comics, filmes e televisão e, mais recentemente, na série da HBO Westworld e na série Too Old to Die Young, que cocriou com Nicolas Winding Refn.
Sean Phillips desenha comics profissionalmente desde os seus quinze anos, tendo vencido vários Eisner e trabalhado para a maioria das grandes editoras. Depois de ter desenhado séries como Sleeper, Hellblazer, Batman, X-Men, Marvel Zombies e The Dark Tower de Stephen King, tem-se concentrado em séries de criação pessoal sua, como Criminal, Incognito, Fatale e Seven Psychopats, entre outras. Sean Phillips vive no Reino Unido com a sua mulher e três filhos.
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